segunda-feira, 27 de abril de 2015

O Inverno da Alma





Depois de sete invernos na Europa Central, percebo por que a idéia de inverno nos liga a idéia de morte.
Vindo de uma terra onde inverno significa vida, custei a aceitar a mudança tão radical quanto a idéia trazida por essa estação do ano.
Nossa vida segue também às estações do ano, que pela sabedoria da Mãe Terra nos mostra como ultrapassar os obstáculos com crescimento e sabedoria!
Nossa alma vive seus invernos ou secas.
Considero o Inverno da Alma quando estamos tristes, desolados; quando as decepções nos visitam; o acaso nos leva para terrenos inóspidos onde o frio, a ausencia dos amigos, da família, dos amores nos relegam às nevascas da solidão.
A Alma sente que deve criar aquela casca grossa igualmente às árvores, para se proteger das intempéries, e nosso coração fica endurecido, calado, tímido; o riso foge de nossos lábios e os olhos chovem as lágrimas da dor.
O céu cinzento ilumina parcamente nosso caminho e nosso caminhar se torna lento e cuidadoso para não cair nas armadilhas cobertas pela neve frouxa que nos faz afundar, afundar... até que o pé novamente encontre solo seguro. O frio congela nossos lábios sem sorriso, penetra em nossos ossos sem esperança e só continuamos por que ficar parado significa a morte certa. O vento da discórdia sopra em nossos ouvidos palavras gélidas de amor e carinho. Precisamos continuar andando pela estrada da vida, apesar de todo mal tempo. A caminhada é necessaria para saírmos deste deserto, de árvores negras e desfolhadas. Permitir se ficar é impossível. Permitir se estacionar é entregar-se ao inverno, forte e impiedoso. É morrer para a vida!
A Alma encontra sempre uma saída: o desejo de continuar vivendo, experimentando e o sol brilha, embora não tenha calor suficiente para derreter o gelo da mágoa, do medo, da decpção, da dor da perda, do sofrimento do desamparo... mas ele brilha!
E esse brilho nos lembra que a primavera virá! Esse brilho, de pouco calor é o sinal que o inverno passará em breve e as árvores voltaram a se auto-folhear. É tempo de se preparar para o renascimento! A erva brotará do solo molhado pelo desgelo e florará com pequenos e belos presentes coloridos!
O Inverno da Alma é necessario para que tenhamos a certeza que ele não é um fim em si mesmo, apenas uma estação de recolhimento, para curar nossas feridas. No seu silencio podemos nos permitir ouvir nosso coração!
O Inverno da Alma não nos leva ao inferno, nos leva à salvaçao pela certeza da próxima estaçao. Assim determina a lei da Mãe Terra, que nos honra com a primavera.
As chuvas de lágrimas regam nossos corações e levam a neve embora, pelo calor de nosso pulsar, nossos pulmões continuam inalando o ar gelado e devolvendo o ar quente! E esse calor nos tirará da estação fria... Nosso calor próprio, nossa luz interior, nosso sol volta a brilhar e iluminar nosso caminho, trazendo a beleza de um sorriso, as novas cores das folhas e flores, a fecundidade da paixão e do amor.
É durante o Inverno da Alma que descobrimos que somos capazes de amar... e dessa decoberta nasce a primavera!
Por isso perdi o medo do inverno, pois ele me mostra agora que posso chegar à primavera, assim continue andando e curando minhas feridas, pois das cicatrizes brotarão flores belíssimas!


Viena, 27.4.2015

domingo, 26 de abril de 2015

Ideias Fugidias






IDÉIAS FUGIDIAS


Na grande maioria das vezes tento parar de pensar, de sentir, somente para ouvir o vento passar. E na sua passagem escuto sua voz e seus ensinamentos sempre me levam para caminhos muito distantes daqueles que o pensamento gostaria que eu fosse. Devaneios? Talvez!

E desses devaneios me ficam impregnada energia em excesso. Faz se, então, necessário descarregar essa energia de dentro de mim. E como faço? Escrevo! Escrevo, gravo, pinto, desenho, medito para extrair mais ainda essa energia que vem com o vento, com o amanhecer, com o sol e com a chuva.

As letras vão se juntando e formando palavras que expressam o que sinto, o que penso, e as idéias tomam forma de letras, de palavras, de frases... chegando a uma junção, nem sempre graciosa, nem sempre inteligível, muitas vezes fragmentada de mim.

As idéias fogem de minha cabeça, descem pelos braços e obrigam os dedos a teclarem até se formatarem conjutamente com o branco da tela, sobressaindo-se da pureza imaculada, deixando seus sinais gráficos que serãm entendidos por outros, nem sempre apreciados, nem sempre compactos, nem sempre claros, nem sempre despresados, nem sempre velhos.

Se tudo já foi dito, as formas de dizer se multiplicam.

Nem tudo foi lido.

Nem tudo foi entendido.

E neste momento, novamente a tentativa se manifesta em forma de palavras para o entendimento e interatividade das almas e sentimentos.

Assim, são as idéias fugidias: aquelas que não conseguem permanecer guardadas na mente, que nascem para se expressarem, para se expandirem.

Voem para bem longe de mim! Apesar de saber que nunca as esquecerei!


Viena, 26.4.2015
Wagner, F-M