sábado, 20 de junho de 2015

Tolerancia e aceitação



Tolerancia e aceitação
Qual a diferença?

Normalmente as caminhadas matutinas são tranqüilas. Ficamos absorvidos pelo movimento muscular embalados pelo canto dos pássaros e latidos de cachorros que se cumprimentam.
Hoje, entretanto, algo de estranho aconteceu. Uma senhora que passeava com seu cachorrinho já entrou no parque gritando, xingando todos os estrangeiros, perguntando por que “eles” vinham para a Austria e por que estavam sujando o país dela. Mandando todos irem embora daqui!
Daí em diante começamos uma conversa sobre o assunto, que nos levou a algumas indagações.
Compreendemos que a “invasão” estrangeira em Viena e agora na Austria, com tantos refugiados vindo do Oriente Médio e da África está assustando mais ainda a população nativa. Viena já é uma cidade onde o idioma alemão é o menos ouvidos nos transportes públicos, nas praças, na rua e nas lojas de modo geral. Existem bairros onde a maioria dos moradores são realmente nativos, outros porém, por exemplo o meu, a maioria é realmente de estrangeiros.
Nota-se a diferença pela limpeza e conservação dos parques. Vamos ser justos, nem todos os estrangeiros são irresponsáveis e nem todos os austrícos são responsáveis. Gente é gente em qualquer lugar do mundo, e educação cada um tem a sua. Consciencia tambem é algo que se desenvolve sozinho ou em grupo.
Então onde está o erro? – foi a pergunta chave que desencadeou todo assunto. Fomos buscar identificar a causa disso.
Chegamos a conclusão que está exatamente neste momento: o ERRO!
Tentarei fazer o raciocinio inverso do nosso.
Quando um ser considera algo errado, está fazendo um julgamento dual admitindo que existe um certo. Onde está o certo? No seu modo de entender e ver o mundo e as pessoas ao seu redor. Então, o certo e errado depende única e exclusivamente do seu julgamento dual de valores. Se isso faz parte da moral, da justiça, de qualquer outra coisa, não tivemos tempo e nem disposição para enveredar por essa alameda. Fomos simplistas em nossos pensamentos, caso contrário ainda estaríamos conversando sobre o assunto!
Se existe um certo e naturalmente um errado, então alguma coisa, ato, atitude, está em um desses dois universos.
Quando nos convencemos que o nosso modo de pensar é o certo, naturalmente qualquer outro está no universo oposto! Até aí tudo bem. Eu posso achar que uma atitude, um pensamento, um modo de ser é certo e me comportar dentro deste universo. E o outro que não se comporta da mesma forma, está fatalmente no meu universo de Erro(!), mas não no dele!
Somos entes individuais que tentamos sobreviver em sociedade. Ironicamente os agregamentos humanos foram construidos para manter a sobrevivencia do grupo e agora está causando a sua destruição... mesmo racioncínio.
Nos reunimos com aqueles que tem idéias semelhantes e formamos um grupo! Todos os outros grupos que não comungam das mesma idéias, do mesmo sistema, estão errados e por isso mesmo é uma ameaça ao nosso grupo!
Ameaça! Por que uma ameaça?
Por que tudo que não compreendemos, que não entendemos ou não aceitamos conscientemente é encarado como ameaça. Isso é humano!
Lembramos de uma lei da física que mostra que é necessario uma quantidade razoável de energia para tirar um corpo da inércia. Isso também ocorre no momento da mudança de pensamento, no processo de aceitação. Se faz necessário uma energia de pensamento qualitativa e quantitativa para provocar uma aceitação de uma nova idéia, um novo comportamento, por parte de um ser e maior ainda por parte de um grupo!
Assim começam os conflitos entre casais, dentro da familia entre pais e filhos, e vai crescendo até atingir as nações, gerando a guerra!
Tanto as pessoas quanto os grupos humanos tendem a permanecer na zona de conforto. Mudar de idéia  dói, causa pânico do desconhecido, reforma nosso modo de ser e atuar dentro de nós e do nosso grupo, e nem todos se reformam instantaneamente e ao mesmo tempo! Cresce o medo da rejeição. Quem é rejeitado pelo grupo, corre risco de vida, pois é banido para fora da “aldeia” e ficará a mercê das feras. Vem a insegurança!
As guerras são fruto do medo!
Mas o medo de ser banido do nosso grupo social não impede que o outro grupo seja aceito com suas atitudes, modo de ser e de viver?- não impede mesmo. Se o lider desse grupo foi seguro o bastante para manter se na zona de conforto e aceitar os limites impostos pela tolerancia. Isso ocorre tambem a nível pessoal, individual!



Tolerar o comportamento do outro não é aceitar. É simplesmente não querer mudar o outro, deixando o medo de lado e tendo consciencia que se pode continuar em nossa zona de conforto, com nossas idéias e jeito de ser.

Aceitar o comportamento ou idéia do outro já exige uma participação com o outro e nos exige uma mudança interna que gerará uma mudança externa e assim a energia necessaria será bem maior do que a da tolerancia.

Tudo isso é provocado apenas no momento que fazemos um juízo entre o certo e o errado.
Sentamos exautos de pensar. Pensar cansa; conversar andando, cansa; chegar a uma conclusão assim, cansa mais ainda.
Não sabemos se a chave da questão dos conflitos humanos, desde os mais simples até os que envolvem grandes nações ou grupos, está exatamente aí: no juízo dos valores CERTO\ERRADO, nos levando ao medo do desconhecido, quando sairmos desta dualidade, entrando no caos.
Tolerancia seria então a palavra chave? As fronteiras existem para nos proteger? De quem? De nós mesmos ou dos outros grupos?
Para que lado vai pender o prato da balança? A balança da Deusa da Justica! Ela exige aceitação, rigidez de pensamento expresso nas regras, dentro do juízo de certo-errado, justo-injusto.



E onde fica a tolerancia?
Quando perdermos os medos de sermos invadidos por aceitar o pensamento do outro, teremos enfim chegado a grande liberdade de ser quem e como somos. Quando perdermos o medo dos comportamentos e atitudes diferentes dos nossos, por estarmos seguros de quem somos e do que pensamos e aceitamos, teremos chegado a pacificidade, ou seja, a qualidade de Ser Pacífico e ao sistema de não interferencia!





 Viena, 20.6.2015
FWagner




quarta-feira, 17 de junho de 2015

Quanto me custa?



QUANTO CUSTA MINHA MOBILIDADE URBANA PARA TRABALHAR E/OU ESTUDAR?

Estava assistindo o jornal quando vi a reportagem sobre o novo serviço da companhia de transporte público de Viena, que disponibilizou um site para que o cidadão possa calcular os custos que tem com sua mobilidade para ir e voltar do trabalho. Este site faz parte de um incentivo para que a população que utiliza seu veiculo particular sem uma necessidade precipua, passe a usar o transporte público, que digamos, é de primeira qualidade. E é uma empresa MUNICIPAL!, isto é, pública.
Então me veio a ideia de fazer, gosseiramente, um cálculo semelhante para o caso de minha cidade natal: FORTALEZA!, que já privatizou o transporte público há muito tempo!!!!!!!!  E ninguém nem percebeu. Você sabia disso?



Vamos lá!
Para uma pessoa que usa o carro para ir e voltar do trabalho, frequenta faculdade, ou para um casal que faz o mesmo para trabalhar. Peguei estes dois grupos, numa amostragem a gosso modo, lógico, pois os dados variam porém os resultados não terão uma grande variação. Para quem tem filhos, a historinha muda um pouco, porém é so incluir no calculo a meia passagem dos filhos e a quilometragem extra para a escola.
Vale salientar que me restringi ao uso do veiculo privado para uso de locomoção para o trabalho! Explicando, antes de tudo: os impostos para a manutenção e melhoria da mobilidade social tem em vista o trabalhador, que é o usuário/beneficiário, e quem paga os impostos, tendo veículo privado ou não!
VAMOS AO CASO: solteiro, com carro, que usa para ir e voltar do trabalho, fazendo faculdade à noite. Casal que tem um veículo em comum, que o usam para a mobilidade TRABALHO/EDUCAÇÃO.
Digamos que José-Maria para fazerem o percurso acima, roda por dia útil, 20 Km. O mês tem aproximadamente 22 dias úteis. José-Maria percorrem mensalmente 440 Km para trabalhar/estudar. O carro de José-Maria, faz em média, dentro da cidade, 8 Km/litro de gasolina. O preço da gasolina está em média R$  3,40 (tres reais e quarenta centavos) por litro! Então José-Maria gastam mensalmente com sua mobilidade para o TRABALHO/ESTUDO R$ 187,00 ( cento e oitenta e sete reais) o que da um custo anual de R$ 2.244,00 ( dois mil, duzentos e quarenta e quatro reais) com combustível. Como o carro de José-Maria percorre 5.280 Km por ano para essa rotina, e vendo que não incluimos os finais de semana, no mínimo, para a manutenção do veículo, José-Maria vão gastar R$ 200,00 (duzentos reais) com uma troca de óleo anual. Sendo um proprietário resposável, vai mandar lavar e lubrificar seu carro pelo menos uma vez por mes, o que dá o custo anual de R$ 360,00 (trezentos e sessenta reais), caso ele pague por lavagem R$ 30,00(trinta reais). Por motivos de seguranca, José-Maria pagam estacionamento privado para seu carro, o que lhes fazem desenbolsar mensalmente R$ 150,00 (cento e cinquenta reais), gastando para a SEGURANÇA DO SEU PATRIMONIO a quantia de R$ 1.800,00 ( mil e oitocentos reais) por ano!
Não levarei em conta os impostos para o proprietário de veiculo automotor, pois José;Maria tem seu carro privado para suas horas de lazer, inclusive!
Contabilizando, José-Maria gastam por ANO a quantia de R$ 4.604,00 ( Quatro mil, seiscentos e quatro reais) para sua mobilidade urbana para o TRABALHO/ESTUDO!
Puxa, cansei.... que tal cada um fazer seus cálculos e ver quanto custa o uso do seu veículo particular para TRABALHO/ESCOLA?
Se José-Maria deixarem o carro na garagem de sua casa e usar o transporte público, cada um vai gastar por ano, para fazer o mesmo percurso, com a passagem custando R$ 2,10 (dois reais e dez centavos), usando os terminais de ônibus e pagando tres passagens por dia (Ida para o trabalho, ida para o estudo, volta para casa) a quantia de R$ 1.663,20 ( mil, seiscentos e sessenta e tres reais e vinte centavos) por ano, incluindo o mes de férias, que, na minha sugestão, usariam o valor de R$ 138,60 (cento e trinta e oito reais e sessenta centavos) para abastecer seu carro para lazer!
Sabe quanto custa permanecer na zona de conforto, não se sentindo responsável pela melhoria de qualidade do transporte público, sendo isso de interesse apenas dos MANDATARIOS QUE VOCÊ ELEGEU PARA ADMINISTRAR A COISA PUBLICA?



Além dos impostos que você paga, você desembolsa, por ANO a quantia de R$ 2.940,80 ( dois mil, novecentos e quarenta reais e oitenta centavos), no caso de José-Maria, para ficarem calados, sentadinhos confortavelmente no seu carrinho, de vidrinho fechado, ouvindo seu sonzinho, e deixando o mundo la fora se f****!
Será que você não vai entrar nessa também?



Eu preferia me organizar com os colegas trabalhadores e participar ou criar um movimento para melhorar o transporte público, para que eu também o usasse e não tivesse meu carro particular como NECESSIDADE PARA MOBILIDADE TRABALHO/ESCOLA.
Vamos lá! Faça seus cálculos! Veja quanto você está pagando a mais, para permanecer na zona de conforto. Saia da zona de conforto, para melhorar sua qualidade de vida!

17.6.2015



terça-feira, 16 de junho de 2015

Mesmices



Mesmices

Hoje resolvi sair de casa para comprar café. O clima ameno nos convidou a sentar num banco da Keplerplatz. Ficamos ali, observando o ir e vir sempre no agitado passo europeu.
Até mesmo por brincadeira, para matar o tempo e esperar a hora do almoço, passamos a comentar o vestuário: a moda das ruas, do trabalhador que usa orgulhosamente seu uniforme, que indica sua profissão. E a conversa, como sempre, rolou a tipo de: “e se fosse no Brasil?...”
Será que o pintor, com aquele macacão branco, sujo de tinta, com aquele sapato lotado de tinta, que vai subir no onibus e se sentar ao lado daquela senhora de salto alto, toda maquiada... seria tratado com a mesma imparcialidade? Acredito que não.
Sera que aquele cara que trabalha de paletó e gravata e que vai apressado com seu celular de última geração, subiria no mesmo onibus que sobe aquela estrangeira que com certeza trabalha de faxineira? E aquela negra, com o salto alto, de saia vermelha curtinha, com aquele cabelo cheio de trancinhas seria tratada com a mesma gentileza imparcial pelo loiro de olhos claros que sentou do seu lado?
Claro que aqui também tem aqueles que são, digamos, estranhos, e que provocam sempre protestos, nunca em público. Na grande maioria são por causa dos véus usados pelos fies de Maomé, ou as famigeradas burcas, que são vistas como um ultrage a liberdade feminina! Porém não são proibidas e alguns olhares vão da piedade ao total desconhecimento do fato.
Até brinquei dizendo que as pessoas, quando andam ou sentam-se nos metros ou bondes ou onibus, colocam uma capa nos olhos e não veem ninguém, apesar de evitarem ao máximo o toque dos corpos!



A liberdade individual acarreta certo isolamento pessoal. Cada um tem seu limite de liberdade, desde que não queira que o outro use, vista, seja, ou pense igual a si. Então, eu posso usar o que quiser. Posso fazer da minha vida o que quiser, contanto que eu trabalhe para me manter e pague meus impostos. Respeite a liberdade do outro, inclusive o silencio do repouso noturno.
Alguns enterram a cara num livro, outros no jornal, outro no seu mundo interior.
Não há como comparar. Questão de educação, questão de cultura, ou apenas o jeito de ser do povo, que aprendeu a calar, a ser retraido, viver sua vida sem dar satisfações, a impedir que o vizinho saiba de sua vida ou opinião. Que vai às ruas só quando o assunto incomoda a coletividade, então se vê a capacidade de organização politica daqueles que andam apressada e anonimamente pelas ruas desta cidade milenar.



Por isso, a solidão é a companheira mais frequente desse povo que valoriza a familia e os relacionamentos, sua privacidade e sua comunidade, sua acendencia e decendencia. Talvez sejam preconceituosos, mas escondem isso muito bem. Poucos sorrisos, mas serviços eficientes. Poucos elogios, mas cumprimento de metas.
Paramos com a comparação! Não tem como comparar. São duas realidades totalmente diferentes, com historias diferentes, com objetivos diferentes.
Respeitamos o seu jeito de ser.
Fomos almocar tranquilamente, aproveitando o clima primaveril!


16.6.2015

Será que posso falar do assunto? - Preconceito!



Será que posso falar do assunto? Preconceito!

Parece que eu decidi vir a esse mundo para chocar as pessoas que convivem ou conviveram comigo, no amago de seus coracoes. Nunca fiz discursos, nao atingi um grande publico, nunca me meti nas lutas politicas ou de classes sociais, mas decidi viver minha vida enfrentando o que ha de mais sujo, nogento e porco: o preconceito!
Nunca me senti vitima, apesar de sentir na pele a dor dessa punhalada! Nunca me senti incapaz e nunca dei terreno para que pudessem me ferir, mas senti as feridas das linguas firinas, dos olhares de desden ou de mangofa, e apenas sorri, com piedade destes pobres seres que ainda vao demorar muito a entender o que é a vida em harmonia, o respeito pelo outro, e tantos outros valores que nao sao ensinados na escola, apesar de estar escrito nos grandes livros de pensadores, filosofos e religiosos!
Vamos lá.
Nasci no sexo feminino! Uma menina! “Mais uma mulher para sofrer nesta vida!” – ouvi muito esse comentario de outras mulheres mais velhas! Isso se referindo a toda especie de violencia, domestica e nao domestica, que a mulher sofre em nossa sociedade, desde a imposicao da moda, com roupas desconfortaveis, sapatos de salto que quebram veias e criam varises, ou seja, nao saudaveis, ate a resignacao de determinadas profissoes, jeitos e trejeitos, modo de se conduzir socialmente, espacos reservados e, como nao poderia deixar de ser, a inconfundivel companhia masculina para lhe dar apoio e protecao. Ouvi de um homem bem sincero que a mulher nunca sera respeitada por ser mulher por um homem, mas um homem vai respeitar o outro homem com quem a mulher se acompanha. Entao, mulher sozinha quer dizer: vagabunda, puta, mulher de todos, sem vergonha, sem DONO! Pronto, estava escrita minha sina. Eu nasci no sexo feminino, sem um penis, com uma vagina cobicada por todos os machos, e em busca de um macho que me “completasse” e fizesse os outros notarem que a minha vagina era exclusiva do penis dele!
Para entornar o caldo, fiquei orfa muito cedo. Aos nove meus pais ja haviam morrido. E desde sete dias de nascida ja era criada em outra familia! Entao, na idade escolar... la vai contar toda a historia da minha vida para todo mundo que perguntava por que meu nome era diferente do nome do meus pai – tutor! Um saco! E naquele fase de auto-afirmacao com o grupo foi terrivel ver as colegas fazerem aquele gestinho de ... vixe maria, essa nao vale a pena ter no nosso grupo... e simplesmente se afastarem, esquecendo de convidar para festas ou encontros... comecei a aprender a conviver comigo!!! Isso foi fantastico! E para melhorar mais ainda, meu tutor era negro, analfabeto e ... pasmem... policial! Tudo que uma sociedade ja contruida em cima de castas queria para me excluir. Mas essa eu ja tirei de letra! Enfiei a cara nos livros!
Decidi me dedicar aos estudos para ter uma profissao: escolhi uma que me faria lutar contra as injusticas: fazer o curso de Direito, ate mesmo por que achava tudo muito errado! Meu coracao clamava por justica, pois eu convivia diariamente com a injustica da cegueira que via nos bens materiais e nas origens sociais o grande valor das pessoas. Ninguem estava querendo saber se preto tem amor, sentimentos, se precisava de escola... somente a forca de trabalho, para produzir para o branco, para o rico, para o filho de “boa familia”! Puxa, minha familia, apesar de nao ser minha, nao era boa?
Continuei tendo como melhores amigos Platao, Socrates, Machado de Assis, Jose de Alencar, Sir Artur Coner Doyle, Victor Hugo, Julio Verne, Eca de Queiros, Vinicius de Morais, e todos aqueles metres do Direito a que tinha acesso! Deixei meu pensamento livre, continuei livre!!! Sem contar que com 14 anos ja tinha lido toda biblia sagrada!!!!
Foi entao que a vida me obrigou a trabalhar para me sustentar e sustentar o sonho de ter um curso de nivel superior... entre na policia!!! Virei policial tambem! Mais uma!
Poxa vida! Mulher e policial!.. um verdadeiro perigo para os colegas que alem de terem que exercer sua funcao nas ruas, ainda tinham que “tomar de conta” da colega, por que era MULHER!!!! Sem capacidade fisica de levar um soco e de revidar, que nao conseguia pegar numa arma!!!! Mas eu fui de leve. Entrei como escriva, e por isso estava resguardada no cartorio, mexendo com papeis em um servico burocratico! Aquilo me dava um ódio! Eu queria ir para a rua... e ninguem confiava em mim!!! Precisei mostrar meu valor... e o fiz no curso para delegado de policia quando tirei o primeiro lugar da turma. E nao foi por simpatia de ninguem, muito pelo contrario, eu percebia quando queriam amenizar para o meu lado e dizia NAO, eu quero participar como qualquer policial! E assim foi. Kkkkk adorei!!! Mas foi so isso!
Passei anos mostrando a minha competencia profissional para quem nunca quis ver e ainda ouvi de um colega, que outra delegada tinha conseguido a titulariadade de uma delegacia que era meu sonho, por que ela era “de boa familia!” sei, ele se expressou mal... afinal, muito mal mesmo! Kkkkkk deixa pra la, me manda para aquelas que ninguem quer! Eu confio em mim! E la fui eu para o interior....... adorei. Desenvolvi minha criatividade, minha capacidade de organizacao, minha responsabilidade...e quando tudo estava organizado, la vinha um colega homem para o lugar e eu era remetida para outro chiqueiro de porco! Sera que era por que eu nao era de “boa familia”? nada tenho a reclamar, muito pelo contrario. Sei que nunca irao admitir que eu fui uma excelente profissional, alem daqueles que trabalhavam diretamente comigo, que eu conseguia fazer ver minhas qualidade acima da dor de ser comandado por uma mulher!
Eu decidi em determinado momento da vida, ser mae. Eu fui, ai, mais uma vez olha eu ai indo de frente com o contra-social: fui mae solteira! Uma vergonha para minha “familia”! Assinei o atestato de puta! E ouvia as perguntas de duplo sentido: “Quem é o pai?”... ao que sorria e respondia sarcasticamente: “Nao sei, ainda nao nasceu... depois que nascer vou ver com quem se parece!” Como atingia o alvo, e olha sempre atirei muito bem, so me perguntavam uma vez! E la ia eu perdendo mais espaco na sociedade!
Esse espaco que hoje nao me faz muita falta nao...
Casei, com alguem da roca, pobre e que tambem “nao era de boa familia”, so para satisfazer a lingua dos poderosos... depois de separei... e teve gente que foi me visitar para me convidar para uma saidinha no motel, “afinal eu estava separada mesmo”! Ou seja, vagina livre!!!!! Sabe o que aconteceu, cheguei bem perto, com um sorriso malicioso e disse: “Sou lésbica! Gosto de mulher igual a voce! Tem alguma para me indicar?”
Choquei?! Claro, nunca mais falou comigo. Pensou que eu estava brincando! Pois nao estava nao.... era a pura verdade. É a pura verdade! Mais uma! Nossa será que nunca vou cansar de ir de frente contra a sociedade? Continuei adorando ver os olhares, os gestos, os trejeitos! Como me divertia!
Sabe da ultima! Aderi a Umbanda. Assumi que gosto de um ritual umbandista e que tenho fé nos Orixas!
E agora estou ficando velha! Meus cabelos são brancos, grisalhos... e me recuso a pinta-los. 
Hoje fico procurando... sera que falta mais alguma coisa? A vida é tao divertida!
Eu me divirto com o preconceito dos outros, com as violencias que sao capazes, eu suportei e superei, passei por duros caminhos ate chegar hoje e dizer: antes so que junto de voces, que ainda estao dominados pela intolerancia e preconceito.
Realmente, o preconceito é o analfabetismo da alma!

Viena, 16.6.2015


domingo, 14 de junho de 2015

Competitividade alucinante


Competitividade alucinante

Tenho observado que muito se tem falado, escrito e vendido sonhos, modelos de nova geração, de produção numa competitividade desenfreada.
Antes era quase exclusividade da área empresarial, da industria, do comercio, entretanto de tempos para ca, uma verdadeira explosão de auto-ajuda para ser o melhor em alguma coisa, para extrair de si mesmo o melhor que se tem... ser o melhor, ter mais qualidade de vida, ser um humano mais qualificado ou de melhor qualidade!
Será que nossos pais e avós foram tão ruins assim? Será que eles construiram um mundo tão perveso, tão malvado...
Quando nasci não tinha computadores, não tinha celulares, não se pensava em internet e a televisão e telefones eram coisas de ricos, poucos os possuiam por serem caros.
As pessoas conversavam mais, eram mais amigas e solidárias. Menos solitarias. Viviam no mundo de todos, na comunidade, e não em seu mundo particular. Os vizinhos se sentavam nas calçadas, se cumprimentavam na rua, e a gente conhecia até os “ladroes de galhinha” do bairro!
As crianças brincavam nas calçadas, nas ruas, por que não haviam muitos parques ou praças disponíveis, mas tinha sempre um terreno baldio, onde a turma dos rapazes limpavam tudo para improvisar aquele campinho de futebol aos finais de semana. Ali ficava o vendedor de picolé e de pipoca!
Ninguém tava muito preocupado em ser o melhor jogador do mundo, ou o cara mais bonito. A competição era mais uma brincadeira que uma verdadeira guerra.
As meninas não usavam maquiagem ou saltos altos e formavam aqueles grupinhos a escolher suas vítimas, pois nunca os homens consquitaram as mulheres, e sim, as mulheres se deixaram conquistar pelos homens. Havia competição entre as meninas sim, até brigas, mas isso é da própria natureza feminina... outro assunto.
Todos tinham sonhos. E sonhos que se realizavam. Eram sonhos reais. Eram sonhos bons, tranquilos. Uns sonhavam mais altos que outros, mas ninguém competia com os sonhos de ninguém. O importante era dar o melhor de si mesmo.
Os meios de comunicação não massificavam, eles informavam. E as senhoras da calçada informavam muito mais da vida do bairro que qualquer jornal!
Com a revolução tecnológica aumentou o consumismo e a competição entre os seres humanos. Os pa=ises passaram a competir entre si, se preocupando mais com estatísticas do que com a realidade.
Parece que a essencia da vida tomou outros rumos!
O que é essencial agora? Uma meta, um sonho a ser realizado, uma melhoria do ser... mais amor, mais isso, mais aquilo!
Será que nossos pais e avós não amavam o bastante? Será que nossas amizades não eram puras e sinceras? Será que nossas inimizades não eram verdadeiras, afinal de contas ninguém agrada a todos todo o tempo! As brigas eram mais sinceras, apesar de por futilidades? Será que os namorados não eram mais romanticos? E os casamentos mais duradouros?
Nostalgia? Coisas ultrapassadas? Fora de moda?
Então, por que se vende tanto o tema: Ter um sonho, realize seu sonho?
Ser o melhor em alguma coisa... com tanta informação que não conseguimos digerir. Com tanto para ler e saber que não conseguimos assimilar!
Até onde queremos realmente ir? Por que temos que ter sonhos mirabolantes? Por que ser apenas um ser humano normal, ter uma vida normal, simples, ficou tão fora de moda?
Por que mesmo depois de ter se dedicado a vida inteira a uma profissão, ainda se precisa ir além? Jogar conversa fora no bar da esquina, jogar cartas com os amigos de antigamente, ou sentar no banco da praça para olhar as mocas jovens passarem ficou tão fora de moda?
Por que estudar sempre algo novo? Para que? Sera que vamos ficar dementes sem estar estufando nosso cerebro de conhecimento sem ter certeza de sua utilização?
São tantas as perguntas, que posso encher páginas aqui sem respostas.
Apenas acho que todos devemos nos dar um limite. E esse limite deve ser respeitado pelos outros, até mesmo por que cada um sabe de si. Acho que devemos moderar os aditivos, que obrigam crescer além dos limites, a verdadeira cobrança para ultrapassar os limites em nome do progresso. Um progresso que esta fazendo o ser, o ente retroceder como pessoa, tornando se máquina de produção do sistema. Um sistema que está produzindo doentes.
Comparo com o uso de anabolizantes, tanto conhecimento. Cérebros inchados, altamente capazes e corações atrofiados por falta de tempo de amar, de olhar para o céu, de acompanhar as fases da lua, de amar... de namorar... de realmente ver que o essencial da vida é apenas viver, se deixar levar pela fluidez da agua do rio.



 14.6.15

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Enamorados



Enamorados


O que eu teria a lhe dizer?
Já não existem mais palavras entre nós!
O que eu teria a lhe oferecer?
O de mais raro e belo já te dei: meu amor!
O que eu gostaria de te mostrar?
Toda a beleza do Universo já visitamos juntos!
O que mais.... neste dia dos namorados?
Só hoje? Perguntas-me.
E me olhas a alma pelos olhos.
Sinto que somos sempre namorados.
Sinto que sempre fomos e seremos.
Pois todos os dias estamos começando;
Todos os dias algo de novo encontramos no outro;
Estamos em eterno movimento,
E tua mão sempre estará na minha
E meu coração sempre abraçará o teu.
Hoje, no momento infinito do agora,
Eu te amo, incondicionalmente!


12.6.2015

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Engaiolados



Engaiolados

Empoleirados!
Empoeirados!
Olhem para o céu!
Alí está a Liberdade.
Abram as janelas da Mente,
Deixem a brisa, o vento da mudança,
Sacudir o pó em suas faces amareladas.
Papel velho, de livros antigos,
Largem nas estantes do passado.
Deixem as assas crescerem!
Parem de as cortar com a tesoura da Mediocridade.
Empoleirados!
Engaiolados, engessados, empoeirados...
Olhem para o céu!
Libertem-se a si mesmos,
Ninguém virá salvá-los!
Com suas assas novas,
Alçem voou.
Voem... voem... subam...
Aproveitem o vento da Evolução!
Deixem-se queimar suas faces
Pelos raios do Sol do Amor, da Paixão!
Visem o horizonte!
Andem sobre as nuvens!
Humanidade...
Tornem-se Divinos!

Fran Wagner

Viena, 11.6.2015

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Ei,… vocês aí!...do Brasil!




Ei,… vocês aí!...do Brasil!

Brasil de poucos brasileiros.
Brasil de muitos escavizados
Nos currais da ignorancia,
Subjulgados pela fé,
Vivendo pela esperança!
Espera!
Olha!
Ei!... Vocês aí!
É! Vocês mesmos!
Vocês que mantem
Um continente
Sem estar contido.
Vocês, que sonham!
Acordem!
Vocês são os donos.
Vocês são os brasileiros.
Apossem-se de suas posses!
Libertem-se.
Vocês são o povo
Que fazem o Brasil!

Francy Wagner
Viena, 4.6.2015



quarta-feira, 3 de junho de 2015

Às Margens do Rio



Às margens do rio

Sento-me às tuas margens
E observo a tranqüilidade das águas
A banhar te o leito.
Deixo-me levar pela corretenza,
Soltando os pensamentos
Que embarcam nessa viagem serena
Rumo ao grande mar do esquecimento.
Retenho apenas as lembranças,
Daqueles momentos onde o amor reinou.
Resguardo a paisagem da Paz;
Inundo minh’alma com a Luz.
Permaneço às margens do Grande Rio.
Banho-me na imensidão sagrada
De seu movimento,
Sempre indo... indo... indo...
Sem se deter nem um momento,
No transportar do tempo.


Francy Wagner
Viena– 3.6.2015


Foto: Andrea Petcu ( oceanflower 1)

terça-feira, 2 de junho de 2015

Serenidade




Serenidade

Por que pulsas assim,
indomável coração?
Por quem esperas tu?...
Insano!
Tudo tens ao lado.
Tudo estas em ti.
E o que te faltas?
A mão abençoada te dás.
Nas tempestades, no escuro da noite,
Quando a alma se contorce de dor,
Ali está, a mão abençoada,
A alisar-te os cabelos,
A boca a te dizer palavras perfeitas,
A voz a embalar te o sono.
Sereniza!
Estará sempre ao teu lado,
Pois em ti se integra.
Coração... esquecestes?
Aplaca tua revolta.
Sereniza!
A serenidade está do nosso lado.


Viena, 2.6.2015