quarta-feira, 30 de março de 2016

Carta a minha amada



Viena, 30. Mrz. 2016

Minha amada Sibel,

A você dedico todo amor que sou capaz de sentir. Sabe por que? Vou explicar.
Quando eu era um trapo humano, vagando sem rumo nem direção, sem forças, você apareceu, olhou para mim e me deu sua mão dizendo: “Vamos! Levante-se! Eu sei e acredito na sua capacidade. Eu acredito em você!”
Quando algumas pessoas me feriram, traíram, rejeitaram, julgaram sem direito de defesa (falando de mim e tramando na minha ausencia), abominaram meu jeito de ser me tornando um verme, você chegou e me disse: “Você é lindo! Você é um diamante! Apenas está enlameado pelos atos e palavras de crianças inconsequentes.”
Quando eu me debatia nas minhas angustias, gritava de dor na solidão, e por orgulho não pedia ajuda, você ficava li, calada do meu lado e muitas vezes eu nem via sua presença.
Quando a decepção me atingiu, e despedaçou meu coração em milhões de pedacinhos, eu não percebi que você juntou um por um e guardou em uma caixinha de prata!
Quando gritando de dor, pedi socorro, você suavemente me disse: “Estou aqui do teu lado!” Abraçou-me e me deixou chorar no teu colo, ouviu meus impropérios contra todos que haviam me magoado, sentiu todo ódio que havia dentro de mim e que destilava pelas palavras e pelos meus poros... até, cansado, ficar ali, sem forças, seguro pelos teus braços. Então você do seu jeito meigo de falar, enquanto acarinhava meus cabelos: “Jogue esse lixo fora. Você não precisa disso para viver. Se perdoe por tudo e perdoe quem te fez sofrer assim, por que quem bate esquece. Somente você está sofrendo. Quem te magoou já te esqueceu!
“E você tambem bate forte! Você tambem é capaz de machucar profundamente! Você é capaz de matar com os olhos e exterminar com as palavras! E tambem já esqueceu! Você sabe quantos fez sofrer_ Não. Não sabe. Veja como Deus é bom! Ele já perdoou suas falhas. Agora perdoe as falhas dos outros. Todos somos apenas humanos imperfeitos e aprendemos com os nossos erros!
“Jogue o lixo da raiva, do ódio, do rancor, da mágoa... jogue tudo fora! Perdoe-se por ter errado. Perdoe-se por ter se doado tanto! Perdoe-se por não ter entendido os sinais. Você fez tudo por amor, mas um amor que pedia retribuição. E amor que exige condições, retribuição não é amor... assim como as pessoas que diziam que te amavam, tambem exigiam retribuição... não é amor verdadeiro.
“Eu te digo mais: Deus não julga! Nós nos julgamos e não aceitamos errar. Nós nos punimos por nossos erros, por que somos orgulhosos! Assim sofremos. Recusamos o jeito do outro. Queremos tudo do nosso jeito. Somos todos assim.
“Reconheça sua humanidade com humildade!”
Você, meu amor, cuidou de mim, ajudou a curar minhas feridas, zelou pela cicatrização delas com paliativos para a dor, limpou o pus que delas saía. Foi limpando o “diamante” bruto e enlameado dia a dia, com amor e carinho, com suavidade e meiguice.
Um dia você me olhou nos olhos e disse: “ O sol inveja a luz que ele ve nos planetas por que ele mesmo não sabe que brilha. No universo não tem espelho. Assim faz você! É você quem está brilhando. É sua luz que ilumina sua estrada. Não tenha medo de ser ofuscado por ela! Vamos em frente!”
E agora que estou de pé, você me pergunta se quero outro alguém? Você diz que sou livre! Eu sei que sou livre!
E exatamente por isso eu lhe respondo:
Foi você que me ajudou a recuperar minha capacidade de amar. É você que está diariamente do meu lado. É você que me aguenta, me cativa, me protege, me aconselha, sorri das minhas piadas desinteressantes, curte meu jeito meio criança, meio idiota de ser e reclama se digo qualquer coisa cra eu mesmo, como me chamar de “idiota” por exemplo!
Quando a gente briga você sempre tem melhores argumentos e não tem medo de me mostrar verdades que quero camuflar, mas no final você diz: “A decisão é sua! Você é livre!” e mesmo com raiva ou triste fica ali sentada com as pernas encolhidas na poltrona e sei que você esta chorando por dentro; ou vejo suas lágrimas silenciosas rolarem pela face pálida!
Já passamos semanas separados por que fui grosso com você e... sem razão! Você simplesmente me deixa por não aceitar grosseria! Vai embora sem acusações e sem cobranças. Depois eu revejo minha posição, ou simplesmente lhe peço desculpas pela forma que lhe tratei, e você volta, mesmo sem exigir uma promessa de mudança. Você nunca mudou nada por mim e me ensinou a fazer o mesmo. Somos livres e mudamos apenas se for de nossa livre e espontanea vontade!
Assim eu tenho tentado mudar muita coisa em mim!
Você já gritou comigo e me chamou de monstro quando perdi a cabeça e fui violento!
Você ja quebrou meu computador com ciúmes!
Como somos normais!!!!
Então agora, aparecem pessoas e se dizem apaixonadas por mim e você pergunta se quero ficar com essas pessoas. Mudar minha vida para começar um novo relacionamento?
Sei que se disser “sim”, você vai embora sem dizer nada, apenas me desejando felicidades.
Não! Absolutamente, te digo, NÃO!
Estarei do teu lado para sempre mesmo que você faça comigo o que já fiz contigo.
Você conquistou o direito de usufruir de todo amor que sou capaz de sentir e voluntariamente vou te dar!
Gratidão? Tambem!
Retribuição? Tambem!
Relacionamento é uma via de mão dupla! Uma via que trafegamos voluntariamente.
Tem algo mais que não consigo explicar em palavras, apenas sentir. Contigo me sinto integralmente feliz!
Por que vou procurar outra mulher se tenho um anjo do meu lado_
Sou feliz e estou feliz do nosso jeito de ser, com a nossa vida!
Estarei sempre para você, mesmo que você não me veja!

Com amor,
Seu eterno

Caleb


quinta-feira, 17 de março de 2016

Por que doi tanto?





confiar é loucura, acreditar é idiotice, e ser correto é burrice!


Decidi morar fora do Brasil em 2007 e no ano seguinte mudei-me de malas e cuias para a Europa. Foi um dos passos mais arriscados que fiz na minha vida e muitas vezes me chamei de maluca!

Minha vida mudou totalmente e foi dificil não me adaptar ao novo sistema, pois tudo funciona tão corretamente que me assustava muitas vezes.

Primeira coisa que estranhei foi ser respeitada como pedestre, mesmo nas ruas que não tem faixas. Os semáforos são respeitados mesmo! E aquelas faixas brancas, com bordas vermelhas, são as que mais temia. Passava olhando para os carros na insegurança de que o motorista não parasse para mim, ou outras vezes eu esperava, atrapalhando o transito, o que os deixava nervosos! Aprendi e me senti uma pessoa pela primeira vez na vida! Exatamente, eu passei a me senti respeitada apenas por que existia, uma vez que ninguem me conhecia mesmo!

Depois as respostas das repartições e departamentos publicos que mandavam as cartas respostas, que me entregavam o documento imediatamente, que era atendida rapidamente. Orientação não recebia, pois tudo estava devidamente explicado em placas dentro dos predios.

Nos atendimentos medicos, hospitalares, outras surpresas! Eu ia marcar o exame e o fazia no mesmo momento, somente com aquele encaminhamento medico (um pequeno papel que mais parece um bilhete!) e o recebia no dia seguinte... ainda é assim, mas no inicio eu ficava boquiaberta!

Os transportes públicos! Estes são minha paixão até hoje. Como a pontualidade é regra neste pais, fica quase impossivel alguem se atrazar devido ao transporte público! As opções são tantas e quando se aprende a andar na malha de transporte, fica muito facil, pratico e eficiente. Nos horarios de pico não se espera mais que um ou dois minutos... depois demora ate seis minutos... e a noite o maximo é dez minutos!

E assim de susto em susto fui vendo como é bom morar por aqui!

Contudo a saudade do meu pais nunca deixou de doer, e chegou a doer de verdade que adoeci de saudade!

Por que doi tanto? Por que sinto tanta saudade de um lugar onde ninguem respeita o outro se esse “outro” não for uma autoriade, ou coisa parecida? Quem tem um carro parece se tornar dono do mundo?

Por que tenho saudade de um lugar onde o trabalhador não tem o menor valor, e nem se da valor, inconsciente de que é ele o produtor e mantenedor da maquina estatal, que não lhe retribui um centavo do imposto que paga?

Por que sinto saudade de um lugar onde ninguem sabe quem furta mais, se o povo ou o governo? Pois até uma caneta que se leva para casa, mas que foi comprada pela empresa para uso em suas dependencias, para mim é furto igualmente ao desvido de milhões da verba de qualquer empreendimento público... sempre superfaturado inúmeras vezes? E são construidos não por lesmas, mas por bichos preguiças, alongando-se por décadas e sempre pessimamente construido!?

Por que sinto saudade de um lugar onde confiar é loucura, acreditar é idiotice, e ser correto é burrice?

Sabe o que esta me tirando essa saudade? Ter consciencia de que sou cidadã numa Nação e não população num pais.

Sei que vai deixar de doer. Sinto que vou deixar de amar a terra onde nasci e cresci... porém tenho crescido muito mais aqui como ser humano, como cidadã, como pessoa!

Sinto muito... não é ingratidão. Apenas me recuso a ser tratada como gado, como idiota, como ninguem!

Gostaria de ter orgulho pelo Brasil como tenho orgulho pela Austria, entretando, assim como não se converte agua em oleo, acho impossivel o Brasil ser parecido com a Austria, passe o tempo que passar. As raizes são outras, a fundação é outra, o carater é outro.

Gente é gente em qualquer lugar do mundo, aqui tambem tem gente sem escrupulo, sem carater... mas a diferença esta na quantidade e na resposta social a esse tipo de comportamento!

Sinto muito!

Dói muito!


Viena, 17.03.16

Wagner, F-M

segunda-feira, 14 de março de 2016

Não sou escritor!






Não sou escritor.

Sou livre pensador.

Sou historiador dos meus sentimentos.

Não sou escritor.

Até mesmo por que não se inicia um texto com uma negação.

Escrevo por prazer, escrevo para lembrar, escrevo para ler.

Livre pensador, discorro sobre minhas dúvidas;

Aflito, busco retirar das entranhas a solução.

Sentido, registro para nunca mais repetir.

Analiso para entender;

Deixo de lado, para esquecer.

Não sou escritor.

Leio o que escrevo depois de anos e me pergunto:

Onde estava eu com o coração?

Atormentado, acalmo com as letras o pensamento,

Depois embaralho as letras, no papel rasgado.

Va-se ao lixo, ó imundice de mim mesmo!

Assim mais uma vez se fez

O milagre da purificação!



Wagner, F-M

Viena, 14.03.16

sexta-feira, 11 de março de 2016

Desabafo de um amigo




Fui visitar um amigo que há muito não via. Foi numa tarde de sábado.

Ele ficou muito feliz ao me ver. Sentamos ali, no sofa da sala, onde ja estavam preparados aperitivos e coisinhas para “biliscar”.

Ele foi me perguntando como ia a vida depois da aposentadoria. Senti, contudo, que ele queria me falar da dele mais do que ouvir sobre a minha!

Então foi contando que depois da separação da mulher, os filhos e filhas foram espassando as visitas. Depois ligavam para se desculpar pois estavam muito ocupados com suas proprias vidas e com muitos problemas... quais, ele não fazia ideia.

Lembrava do tempo que os pequenos chegavam com suas duvidas para que ele os ajudassem. Um cadaço para amarrar, uma tarefa da escola complicada, as primeiras pedaladas, a primeira volta de carro, ouvindo atentamente suas orientações sobre as marchas, o tempo do motor, a embreagem... os conflitos da adolecencia com suas paixões... as duvidas sobre qual carreira profissional seguir... enfim, muitas, muitas horas de conversas, perguntas.

Eles confiavam em sua experiencia de vida. Ele podia ensina-los alguma coisa.

Agora, parecia ter emburrecido! Não sabia mais de nada.

Enquanto trabalhava, a tecnologia se fez nova e ele não pode acompanhar a contento; fez, porem, cursos de atualização para não se sentir tão idiota diante dos filhos, verdadeiros experts em computadores, celulares que podem tudo, até fazer ligações, internet.

Descobriu o mundo da internet! Entrou em redes sociais.... saiu... pesquisou sobre assuntos de seu interesse...

Contudo, emburreceu!

A mãe se fora. Ele estava ali, apenas esperando a hora de ir tambem.

Gostaria de passar mais tempo com os filhos, aquele tempo de não tivera pois estava muito ocupado provendo o sustento, o lar e a educação deles.

Agora tinha muito tempo... mas os netos... estes o visitavam apenas quando os pais vinham e estes demoravam tanto...

As vezes se sentia mal, ia ao medico, cuidava-se. Praticava esporte para melhorar sua saude de modo geral.

Seus amigos iam indo embora... haviam se mudado... estava meio deslocado no novo ambiente.

Mudara-se para recomeçar uma nova vida, longe das tristes lembranças do passado cruel. As lembranças o acompanharam, e ele lutava velentemente contra elas, buscando a cada dia uma nova esperança, uma nova meta para continuar vivendo!

O corpo havia mudado.

Não era mais tão ágil nem tão charmoso. Seu coração emudecera e não queria mais uma companheira. Tinha certeza que havia vivido tudo que um casamento poderia lhe proporcionar, tanto de bom quanto de ruim.

Gostava da tranquilidade de sua casa, agora um apartamento de quarto e sala, que ele mesmo conseguia manter limpo e agradavelmente aconchegante.

Tinha seus discos, musicas, filmes, livros, fotos... estas guardadas em albuns que ficaram em algum lugar depois da ultima vistoria. Todas as lembranças que queria ter estavam em sua cabeça, em seu coração.

Mesmo assim, sentindo-se realizado e consciente de que sua missão de pai e marido havia sido cumprida, ficara o sentimento. Aquele bendito sentimento de saudade que não queria lhe libertar. Sentia falta sim, da voz dos filhos, da bagunça que faziam juntos; gostava de ve-los conversando entre si, mesmo que ele ficasse ali, sentado naquela sua velha e confortavel poltrona, sem ter conhecimento completo do assunto: valia apenas ouvir a voz, os sorrisos, os trejeitos... aquilo lhe fazia muito feliz. Apreciar aqueles seres que um dia tão pequeninos segurou nos braços e olhou para o ceu pedindo a Deus ajuda para cria-los, pois não sabia nem por onde começar. Cada dia um novo desafio! E agora, eles estavam ali, crescidos, tendo os mesmos medos que ele teve. E nenhum lhe perguntava como tinha superado, como tinha conseguido!

Muitas vezes olhava para tras e não sabia como o fizera.

Uma coisa tinha certeza: sua fé nunca abandonada; sua coragem as vezes falhara, mas a fé no criador nunca abandonara.

Na despedida ele tinha retomado aquele brilho de alegria no olhar.


Pensei: quantas vezes precisamos apenas sermos ouvidos com carinho e atenção! 



Wagner, F-M, 
Viena, 11.03.2016
                        

quarta-feira, 2 de março de 2016

O Outro (fragmentos)



     
                                                                                                                (*)

O outro (fragmentos)


Ouvi aplausos vindo de uma sombra atras de mim.

Imediatamente nuvens escuras encobriram a luminosidade do lugar.

Virei-me para ver quem estaria ali, aplaudindo nosso reencontro. Entretanto vi o rosto sarcástico de alguem há muito envelhecido e esquecido nas profundezas da memoria.

“Feliz? ... Você realmente adora uma ilusão!”

Fiquei assustado com aquelas palavras... estaria eu realmente vivendo uma ilusão apenas? E toda a emoção e a força dos sentimentos, seria apenas imaginação?

Enquanto aumentava minha dúvida, senti que ela se afastava mansamente de mim retornando para o mesmo banco de pedra e, depois de sentar se, levantou as pernas dobradas, abraçando-as repousando a cabeça sobre os joelhos, numa atitude infantil de quem espera. Seu olhar transmitia tranquilidade e sua fisionomia em nada se alterou.

“Você acha que ela é real? Idiota! Já fostes enganado quantas vezes? Quantas mais vai continuar sonhando com a felicidade? Isto não é pra você. Você é devedor! Tem que pagar pelos seus pecados! Quantos você ja destruiu, mutilou, matou, roubou... você quer ver?”

Então todas aquelas lembranças foram me assustando, como explosões em minha mente, na minha tela mental. Um filme terrivel de guerras, poder, sangue e traições.

“Vamos sair daqui.”

Mas não tem saída. A porta não existe mais. Pensei.

Olhei e vi novamente a mesma porta, no mesmo lugar por onde aquele outro havia entrado. E nesta porta um espelho. O espelho de minha mente, atormentada por tantos erros do passado.

Fiquei imovel, petrificado diante daquelas revelações. Eu nunca imaginara que tinha chegado a ser tão cruel! Entendia agora... ou não entendia mais nada.

Não tinha coragem de olhar para ela, que estava ali, eu sabia, esperando ver a minha decisão.

Eu me sentia leiloado, dividido, retalhado em milhões de pedaços!

Nada disso aqui existe! Pensei.

Então ouvi a voz dela: “Se não existe o bem, o mal tambem não. Tudo é apenas ilusão!”

Vi a ira se formar nos olhos do outro que tentou se aproximar dela. Temendo pelo que ele pudesse fazer a um ser tão frágil, me coloquei entre ambos.

“Você ainda defende a mulher que um dia te traiu e te levou a morte?”

Permaneci calado diante daquela revelação, mas continuei ali, olhando de frente para o outro.

Quem é você? Perguntei.

“Eu sou teu bom senso. Eu sou quem te defende. Eu sou quem te protege. Eu sempre estive do teu lado. Eu sou teu melhor amigo! E não estou sozinho! Tenho um companheiro e auxiliar que nunca deixou nada te ferir. Ele está do outro lado daquela porta a nos esperar.

Estou te chamando para a realidade da vida. O trabalho, a dedicação a sua familia, a obrigação de ser alguém respeitado na sociedade! Isso é a verdadeira liberdade e felicidade. O resto é sonho! Ilusão!”

Estava confuso. Profundamente confuso.

Olhei novamente para ela... seu sorriso carinhoso e seu olhar me transmitiam tranquilidade, que nunca havia sentido antes.

Queria sair dali! Queria apenas fugir daquela situação!

“Você nunca poderá fugir de mim. Estou com você deste o inicio! E estarei até o final.”

Olhei para o céu, mesmo com nuvens carregadas e pedi socorro a Deus. Um sinal de que deveria fazer.

Vi um onibus parado do outro lado de uma rua que até ha pouco não existia. Atravessei a rua correndo e entrei no onibus.

O motorista sorriu e fechou a porta atras de mim.

Com a arrancada do veículo, senti que caia...

Acordei.

Era madrugada!

Viena, 02.03.2016


Wagner, F-M


(*) Foto: Google Imagens

terça-feira, 1 de março de 2016

Felicidade existe?






Felicidade existe?


Mais uma vez filosofando na mesa do café da manhã, que normalmente acontece por volta das dez horas. Olha que me acordo e começo meu dia normalmente às 5:45!

Estávamos assistindo uma corrida de cachorros. Isso mesmo! Uma corrida de cachorros.

Simplesmente comentei que era injusto os pobres correrem tanto para pegar o coelho alem de terem que bater a concorrencia dos outros animais, o coelho nunca seria realmente alcançado.

Não houve qualquer tipo de comentario de revide à minha observação, visto a atenção totalmente tomada por aquela competição desleal.

Desleal pelo motivo: pegar o coelho sera impossivel!

Então fiquei ali terçendo, como sempre, meus paralelos que terminam sendo intercalados, perpendiculados e depois de alinhados, amarrados, entramelados, confundidos e ... sei la como funciona meu cérebro nestes momentos!

Fiquei visualizando milhares de cachorros, ou melhor, pessoas que correm para alcançar um objetivo, competem a vida toda e no final o objetivo não chega, passando para a outra vida, ou a vida depois da morte, ou para algum lugar que não seja aqui e agora... ate numa dimensão que não tem tempo nem espaço, e simplesmente, não teremos tambem forma nem corpo!

Estou falando da “felicidade”!

Todos nós passamos muito tempo de nossa vida adulta correndo atras de realizações que nos tornem felizes, até chegar a crise da meia idade... quando não teremos mais oportunidades nem coragem física para nos emprenharmos tanto pela carreira, que não nos trouxe a felicidade almejada; pelo casamento, que não nos fez exatamente felizes para sempre; pelo nosso corpo que começa sua decrepitude, e com isso, sua beleza e juventude se esvai (pelos padrões sociais).

Exatamente nesta crise, que muitos ja a sentem em plena idade produtiva, entre os 25 e 40 anos, começamos a procurar livros de auto-ajuda, religiosidade, conhecimento pessoal, e milhões de outras fórmulas milagrosas que nos prometem encontrar o tão sonhado “coelho”!

Depois de enricarmos autores e pastores, magos e gurus, chegamos ao final da trilha com a esperança de que nosso “coelho” esta do outro lado do lago! Ou seria da ponte?

Seria a felicidade como nos é vendida apenas um coelho, atado a um mecanismo que correrá mais rapido que nós, porém sempre estará no nosso campo de visão, desenvolvendo a esperança de alcança-lo se nos esforçamos o bastante?

Já pensou uma sociedade feliz?

Quem pode manipular um ente plenamente realizado e feliz?

Que governo, sistema ou entidade nos venderia algo, se nós já nos sentíssemos plenamente realizados?

De que e como viveria o sistema que nos controla, nos impõe escolas para lavagem cerebral, trabalho que nos escraviza, esperança em algo que nunca chegara as nossas mãos? E na velhice, ainda nos culpa por termos ficados velhos e inuteis?

Essa felicidade realmente existe?

Terminei o café da manhã sendo grato por ter me alimentado! E notei. Foi um momento muito feliz, ficar ali, comendo o que gosto, calmamente e olhando para aqueles pobres cachorrinhos correndo atrás do “coelho”!

Agora mesmo, estou novamente me sentindo muito feliz por ter terminado este texto que será publicado no blog daqui a pouco e espero que lhe deem motivos para pensar quantas gotas de felicidade por dia se perde quando corremos atras de um coelho.

Paz e Luz para vocês.



Viena, 01.03.16

Wagner, F-M