Estava aqui assistindo um video…dois, sobre homens
trans e de repente percebi que preciso me assistir. Preciso perceber como sou
homem. Qual a minha visão de mim mesmo diante desta transição e como me
comporto como um homem.
Então parei e vou parar de assistir a realidade de
outros e começar a olhar para mim mesmo e minha realidade. O que quero mudar
nesta realidade. Como me comporto socialmente como um homem e o que isso
significa para mim.
Estou em construção de mim mesmo ou estou em exposição
do que já havia dentro de mim e estava soterrado pela repressão social que tive?
Acho que o mais importante é ser eu mesmo. Não sou
modelo de homem e muito menos de transhomem.
O que foi imposto socialmente e que eu já não tenha
quebrado?
Quebrei tantos tabus na minha vida!
Construi uma postura diferente. Minha postura diante dos desafios da vida.
Em um determinado momento me senti fraco, destruido,
invalido... e isso me deixou inseguro. Ser mulher é ser fraco e inseguro? Não.
Isso não tem nada a ver com o gênero.
Pesquisando sobre homens e mulheres, vi que tudo isso
são construções do sistema. São conceitos pré-estabelecidos.
Dentro de um rápido pensamento, uma linha veloz,
percebo que estas construções são tão frágeis que podem ser derrubadas por
terra com poucos exemplos, e ainda perdura a pergunta do que é ser homem ou
mulher.
As posturas, os esteriótipos foram criados pelo
sistema. E a diferença começou na biologia. A partir da identificação biológica
houve a “separação” dos dois polos.
As funções biológicas prevaleceram para determinar
as funções sociais.
Nas últimas décadas tem-se provado que não é bem
assim. Homens e mulheres mudaram seus pontos de vista e alargaram as fronteiras
provocando uma interseção entre os dois parametros, masculino e feminino. E as
funções sociais foram se mesclando baseadas na capacidade intelectural de não
mais somente na forma biológica. Até as capacidades físicas foram sendo
alteradas ao ponto até de se encontrarem mulheres com mais força física que
homens, dependendo apenas de seus modos de vida.
Então onde está a diferença? Qual o porquê deste mundo
binário?
Volta-se para a biologia: mulher engravida; homem
fertiliza. Contudo existem mulheres que engravidam sem a preseça do macho. Então
homem produz SEMEN!
Ser homem é ser um mero produtor de SEMEM?
E aqueles que
são estéreis ou que perderam o penis acidentalmente ou que não tem ereção,
deixam de serem HOMENS?
Mulher tem útero para gerar um novo ser.
E aquelas que
são estéreis, que tem problemas e não podem engravidar, que nasceram sem útero
ou que retiraram o útero por algum problema de saúde? Deixaram de ser MULHER?
Aqui não me refiro em nenhum momento a ORIENTAÇÃO
SEXUAL!
Como livre pensador, quero excluir qualquer conceito
religioso sobre esse assunto. Todos os conceitos religiosos que conheço são
separatistas de dois generos, de dois sexos, e muitos, em sua maioria, veem a
mulher como subalterna ao homem. Estas religiões criaram uma sociedade machista
e preconceituosa, jogando toda essa merda nas mãos de um deus que eles criaram
para conter a massa social sob seu julgo e controle. Elas tambem não me
responderam o que é ser mulher ou ser homem, sem as fronteiras do sexo
biologico, das funções sociais, da missão dada por deus, dos dogmas divinos que
não se discute nem muda, pois foram mandados diretamente do criador para
aqueles que tem o poder de falar com o “cara”! puro controle e hipocrisia. E,
diga-se de passagem, eu não sou ateu nem agnóstico!
Volto a pergunta inicial: Como é estar MULHER ou estar
HOMEM? Ou, o que é ser Mulher ou ser Homem, afinal de contas?
Sempre me senti um homem. Sempre me interessei por
coisas que, na minha época, eram consideradas masculinas, apesar de ter sido
reprimido. Isso não me fez me interessar por coisas femininas, continuei sendo
eu mesmo... reprimido.
Na puberdade senti o que os meninos sentem... porém
reprimi, pois ja sabia o que era necessario para minha sobrevivencia.
Na fase adulta, precisava me manter e trabalhar... e
para manter o emprego, continuei vivendo disfarçado... e isso não me fez mudar:
continuei um homem.
Tive filhos... engravidei e pari... e não me fez
mudar: continuei homem, respeitando mais ainda a mulher depois disso. Foi isso
que me causou a gravidez e a maternidade: aumentou o meu respeito e meu amor
pelas mulheres! Continuei homem.
Usei saia, salto alto (parecia um canguru andando.),
me deixei maquiar, usei cabelo comprido, menstruei todos os meses... e isso não
me fez mulher: continuei homem! O sofrimento foi imenso, digo de passagem. Odiava
o corpo que estava inserido!
O corpo não me fez mulher! A biologia não me fez
mulher! A sociedade não conseguiu me matar ou me transformar em mulher!
Continuei homem.
Sou um homem.
Então cheguei a uma conclusão: Ser homem ou ser mulher é um sentimento! É um estado
da alma! É intrísseco de cada Ser!
Voltando para meu lado espiritual!
O espirito não tem sexo, concordo plenamente! Porém o
Espírito tem gênero!
O espírito pode ser masculino ou feminino! E faz parte
da evolução aprensentar a duplicidade de gênero para se chegar a perfeição em
si mesmo.
Ainda sou masculino. Aprendendo um pouco do universo
feminino. Porém sou homem.