APRESENTAÇÃO
Já faz algum tempo que me veio a idéia de escrever
sobre fatos que vieram à memória durante este ano de terapia. São histórias que
estavam tão soterradas dentro de mim mesmo que eu já as havia esquecido, pois a
dor era tão intensa que não suportaria revivê-las sem ajuda profissional.
Não sei ainda se isso vai sair daqui, dos arquivos do
meu computador, se vou me expor assim, se vou contar estas memórias para os
mais jovens que estão vivendo suas experiências nestes tempos de abertura e de
violência... violência explícita, pois a violência sempre existiu.
Nem sei tão pouco como vou mostrar isso... se atraves
de um livro (seria o terceiro!), ou se o faço pedacinho em pedacinho, como se
apresentou em minhas lembrancas, num blog criado exclusivamente para isso.
Descartei totalmente a possibilidade de fazer vídeos, exatamente por que nunca
me dei muito bem com minha imagem refletida no espelho!
Estas lembranças não seguem uma ordem cronológica
linear, pois vão surgindo e se desvaindo aos poucos, outras chegam de
madrugada, outras só aparecem quando estou quieto, curtindo as dores que as
feridas da alma me provocam. Sei que todos carregamos nossas cicatrizes e não
sou mais nem menos sofredor que outras pessoas, contudo passei por vivências
próprias que podem ajudar a outros a se entendenrem ou aceitar que a vida pode
ser bela, apesar de tudo, e que podemos viver nossa verdade de várias formas.
Nem sempre forte, nem sempre fraco, hoje me considero
um sobrevivente! Não me tenho por herói, a não ser de mim mesmo, pois o mais
tenebroso caminho que tive que percorrer foi o caminho de dentro, visitando
minhas sombras, abrindo portas e baús, num jogo sem ganhadores ou perdedores,
apenas as lembranças, estas que estavam entulhadas e impediam que eu visse a
luz.
Assim, estou aqui e vou rezar para que eu não sucumba
à dor de escrever sobre as memórias que, ora me fizeram chorar diante de uma estranha
(minha terapeuta) ora a fizeram rir do modo engraçado como eu as contava, sem
que ela percebesse que aquela forma era a fachada que criei para não
desmoronar.
Hoje estou uma pessoa de 56 anos, que ainda esta
encontrando e juntando os pedaços espalhados dentro da dimenção das lembranças,
tentando assim, remontar um Ser que implodiu!
Viena, 19.4.2017
F. W.
Créditos da foto: Google Imagens
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