terça-feira, 18 de abril de 2017

REVOLUÇÃO INTERNA!




Estava numa lanchonete com meu garoto observando os transeuntes, quando me veio a ideia sobre o tema deste texto: os códigos masculinos.

Engraçado como esses códigos funcionam sem que sejam trocados palavras ou mesmo conhecimento pessoal anterior. Um conhece ou reconhece o outro, e ambos compartilham sensações de respeito mútuo, se nao houver invasão de “territorio”, ou de força para mostrar que está apto a brigar pelo seu poder. Algo meio animalesco sim, e mesmo que muitos venham a dizer que isso não existe, existe sim, e é muito hermético!

O homem é competitivo, e se não o fosse, nosso mundo não o era também, o sistema não o era pois foi construído sob bases de conquista masculina e as mulheres não teriam esquecido que não eram.

O instinto de macho busca a fêmea que está no cio. O instinto do homem também busca a fêmea, e acrescenta a esta busca, o desejo por aquela que pode ser mais fértil e mais bonita de acordo com o seu grupo masculino. Enquanto isso a fêmea humana é na verdade quem escolhe o macho, mas ela tinha se esquecido disso, até começar a relembrar com a revolução do feminismo.

Por que de tanta competição?

Por causa das mulheres!

Incrivel, mas isso realmente é uma verdade esquecida pelo costume, pela repetição sem explicação de geração em geração.

O homem deve ser forte o bastante para “se apropriar” da fêmea, no caso, a mulher, que passa ao seu domínio, pois é ela que detem o poder de procriação e com isso, o futuro daquele clã, daquela familia, daqueles homens mais fortes do grupo, que passaram à prole sua genética juntamente com a da mulher. Além disso, vem acompanhado a idéia de poder pela propriedade, veja que a mulher até bem pouco tempo atras, na sociedade brasileira, não podia dispor de seus bens, de sua herança, sem o aval do marido.

E para os outros homens que a principio eram seguidores do macho alfa, hoje seguidores de homens de poder, ficam as outras que sobraram e que vão procriar mais seguidores, aumentando o poder do clã.

Assim se construiu e ainda se constroe a nossa sociedade, com códigos invisíveis e mudos, porem intelingiveis entre os machos.

E ai daquele que se “desvirtuar”, se afeminando... é uma vergonha para a espécie e para o grupo e deve ser expulso, se não exterminado como exemplo para que a idéia não prolifere.

Assim foi no princípio e ainda continua nos dias de hoje: a selvageria entre os machos do sistema, pois eles detem o domínio dos demais, inclusive do pensamento das mulheres, pois se elas não se submeterem ao seu poder, com certeza serão tambem exterminadas ou reduzidas a qualidade de escravas, sem direitos e sem respeito... sem um macho que as defenda, afinal, são apenas femeas que, do mesmo modo daqueles machos que foram excluidos do sistema, estão se rebelando e tentando tirar o poder das mãos dos machos alfa!

Está sendo cruel a forma como estou explicando o que acontece na nossa sociedade? E não é tão e quão cruel a forma como a sociedade está tratando as pessoas trans?

O questionamento é: nossa humaninade saiu do pensamento selvagem de dominação dos machos alfa? Onde? Pelas leis mais amenas de sistemas democráticos que funcionam na aplicação de penalidades em relação a transfobia, poucos são os países que aceitam tais regulamentos, mas a grande população continua com os mesmos sintomas, continua ainda assimilando e aceitado tacitamente o domínio dos machos alfas, pois foram eles que disseram para se acatar esta ou aquela regra em forma de lei.

Poucos são os países onde uma mulher se faz visivel na politica, sem estar sob a sombra de um homem. São as mulheres que foram escollhidas para procriar os filhos do macho alfa e manter o poder da familia!

Esta na hora da revolução interna! Está na hora de não mais se deixar guiar por regulamentos impostos durante milenios, parar e pensar que o outro tem direito a vida como qualquer um.

Está na hora de ter consciencia que o outro pode viver sua identidade, sem que isso seja uma transgressão aos signos dos machos alfas, pois também chegou a hora de todos perceberem que para mudar o mundo devemos mudar primeiro nossa maneira de viver no mundo.

Está na hora de reconhecer no outro um ser vivo e livre.

Para ter a consciencia desperta de que não somos meros animais, vinculados aos genitais deixando a energia fluir apenas pelos tres chakras inferiores, podemos evoluir para os chakras superiores, onde encontraremos o coração, o amor que une os seres, independentemente de seus genitais.

A idéia de ser homem precisa ser revolucionada!

O signo de ser homem ja não faz sentido em ser o dominante do grupo, e sim o cúmplice do outro, o parceito, de quem quer que seja, na construção dos objetivos coletivos.

A visão que a mulher é tão e quanto capaz de realizações quanto o homem, nos mostra que esse conceito de macho está ultrapassado!

Esta revolução ocorreu dentro de mim, pois como um homem disfarçado, vivi num corpo de mulher e observei como a sociedade realmente se comporta.

Sou um observador do espaço e hoje posso revelar que mesmo homem, mesmo tendo um corpo que me ajudasse a suportar a carga feminina, o processo não é facil. Nunca consegui ser uma mulher... mesmo tendo parido.

E durante essa vida, meu pensamento mudou, e mudou muito.

Eu também cheguei aqui com os mesmos signos masculinos bem encrustados na memória. Eu entendia os olhares entre os homens e tive que aprender como não demonstrar abertamente este reconhecimento! Seria muito perigoso, num corpo feminino, saber dos “segredos” masculinos.

Hoje percebo que a evolução está em aceitar os dois em si mesmo, ser masculino e feminino ao mesmo tempo, pois são duas forças que ao se unirem criam a vida! E estas forças não estão circunscritas ao fato de ter nascido homem ou mulher, estão muito mais ligadas à forma de ser de cada um, independente de seus órgãos genitais. E vou mais além, tanto homens quanto mulheres possuem em si a capacidade de desenvolver estas forças, tornando-se, assim, serem de luz.

Continuo sendo um homem, apesar de disfarçado, mas entendo o quão grandioso é o universo feminino e não me assusto mais, pois deixar que esse universo se una ao meu universo masculino so me trouxe crescimento e expansão de consciencia.

O sanduiche acabou e precisamos ir para casa...


Viena, 18.4.2017

FWagner

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