quinta-feira, 30 de julho de 2015

RESPEITO AO OUTRO(!?)



RESPEITO AO OUTRO(!?)

Direito Fundamental ou Direito Natural positivado?
Dignidade da Pessoa Humana – isso existe na prática?
“Os direitos fundamentais são os valores básicos para uma vida digna em sociedade.”(1)
“Dignidade da pessoa humana é a qualidade intrínseca e distintiva de cada ser humano que o faz merecedor do mesmo respeito e consideração por parte do estado e da comunidade, implicando, neste sentido, um complexo de direitos fundamentais que asseguram a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho degradante e desumano, como venham a lhe garantir as condições existenciais mínimas para uma vida saudável, além de propriciar e promover sua participação ativa e corresponsável nos distinos da própria existencia e da vida em comunhão com os demais seres humanos.” (2)
“Atributos da dignidade humana:
a.   Respeito à autonomia da vontade;
b.   Respeito à integridade física e moral;
c.    Não coisificacao do ser humano;
d.   Garantia do minimo existencial.”(3)
Respeito ao outro – síntese do principio jurídico da Dignidade da Pessoa Humana.
Retomando um livro de Direito Constitucional, deparei-me com essas pérolas jurídicas, há tempos esquecidas nas empoeiradas gavetas de meu cérebro.
Na época academica, pouco tempo eu tive para ler e esse autor talvez ainda fosse um aluno dos primeiros anos da escola(!); eu precisava sobreviver e garantir a sobrevivencia de minha família, isso significando, trabalho de oito horas diárias e uma extensão ao curso universitário noturno, onde o cansaço e o estresse do dia pesavam sobre o corpo e a mente, fazendo com que eu tirasse um mínimo de proveito das aulas apenas para garantir a superação de mais um semestre rumo ao título universitário. De nada me arrependo, pois isso me deu o material necessário para hoje, comentar esses tão singelos parágrafos.
Como sempre fiz as provas de tras para frente, isto é, eu lia todas as questões e começava a resolver da última para a primeira questão, saltando sempre aquelas em que me demorariam mais tempo, vou começar pelo que penso sobre RESPEITO AO OUTRO.
Isso mesmo, não estou aqui para fazer uma obra academica, discorrendo sobre o pensamento de um ou mais juristas, mas para expor o meu proprio pensamento.
Respeitar o outro está tão claro para mim desde a minha mais terna infancia, quando ainda aos sete anos fiz um curso para minha primeira comunhão e sempre ouvi meus pais dizerem: “Faça ao outro apenas aquilo que gostaria que fizessem com voce.”
Durante tantos anos, pouco vi esse principio em prática! Durante minha vida inteira, tentei praticá-lo, tendo entretanto pouca vocação para dar minha outra face a tapas! E hoje fico aqui pensando, o Direito persegue os principios naturais ou cristãos? A sociedade ocidental esta fundamentada nos principios religiosos do Cristo? Ou o Cristo veio enovar o direito das gentes, com pensamentos que o levaram a morte?
São devaneiros!
O Estado Brasileiro com toda sua legislação copiada de algum lugar, onde deu certo, respeita o cidadão, como expressa sua legislação? A pessoa - acho o termo “humana” uma redundancia, pois não conheço outro ser que seja chamado de pessoa que não se enquadre biologicamente na espécie “Homo sapiens”, o brasileiro comum que anda de onibus, carro particular, bicicleta, vive e vejeta pelas ruas deste grande país, respeita o outro? Ou no mínimo sabe o que é respeito ao outro? Seria o conhecimento deste principio exclusivo para os profissionais do Direito, ou também um direito a todos aqueles que nascem nesta raça tão deficiente de valores? E quando falo raça, é a raca Humana de maneira geral, com toda sua diversidade, com toda sua beleza e feiura! Aqueles que se sentem abastados, “endinheirados” ou pertencentes a classes sociais mais favorecidas, sabem o que é isso? Praticam? Querem praticar?
Será que você, que se senta atrás do volante de um carro, respeita o pedestre que esta atravessando a rua mesmo que não tenha no local um semáforo ou faixa de pedestre? Será que você, que esta sentado no onibus lotado, respeita a criança que esta do seu lado, ou a senhora idosa ou grávida, cedendo-lhe o seu lugar, mesmo que sua cadeira não seja considerada de uso exlusivo para tais pessoas? Sera que você, vende seus produtos com o preço justo, antes de reclamar que os impostos estão altos? Será que o fabricante visa a qualidade de seus produtos mesmo sabendo que isso implicaria numa maior durabilidade e assim, talvez, em diminuir suas vendas?
Qual o número mais importante para o brasileiro? O da previdencia social (PIS) ou da receita federal (CPF)? Isso nao seria uma “coisificação” da pessoa ativa para produzir (trabalhar) em sua vinculação com o Estado, criado para resgardar a vida em sociedade, identificando-a como um “contribuinte”, pagador de impostos?
Até mesmo o termo “sociedade” hoje em dia é diferenciado de “comunidade”, demonstrando o grande abismo social existente neste pais, onde sociedade significa genericamente aqueles que são abastardos e comunidade aqueles que são bastardos!
Onde fica o RESPEITO AO OUTRO?
Seria errôneo dizer que onde falta o respeito ao outro falta também a dignidade da pessoa? E quem seria o responsável pela promoção desta dignidade? O Estado ( governo, para os menos esclarecidos nos termos jurídicos) ou a própria Pessoa, como ente participante e corresponsável?
De que nos adianta termos textos juridicos belíssimos, como os temos, se a grande maioria, responsáveis pela vida democrática, nada praticam, não participam, não se corresponsabilizam, são deixados gradativamente analfabetos tanto moral quanto politicamente? E na grande maioria das vezes, as desconhecem totalmente? Onde está o erro? Quem seria o culpado? D. Pedro I ou Pedro Alvares Cabral?... Não sei, certamente foi um Pedro!
Ou talvez por que o brasileiro não precise saber disso, não se interesse em saber do outro, pois sua vida como está, está dando pra viver ou sobreviver mediocremente, pouco se importando com o OUTRO!?
Seria porque nosso pais é grande demais? Por isso somos acomodados? Não temos necessidade de nos importar com o que acontece no sul, tão longe do norte? Seria por que não somos ameaçados de invasão por outro povo, pois aqui todos são acolhidos: sobreviventes, investidores ou fugitivos e já fomos ou somos os próprios invasores? Seria por  que nosso pais é uma junção de muitos paises, sem nunca chegar a ser uma Nação? Seria por que a população brasileira deixa tudo nas mãos do “governo”, como se o “governo” por si só fosse o único RESPONSAVEL pelos mandos e desmandos do país? É exatamente isso que está acontecendo, não?
Penso apenas que onde não há um povo, não existe uma nação!
E ser brasileiro, não é apenas ter nascido no solo do Brasil por acaso, como quem cai de paraquedas depois que seu avião deu pane! Ser brasileiro não é somente ir ao futebol, ao carnaval – inclusive as micaretas – ou assistir novelas na hora do jantar. Ser Brasileiro não é só pagar imposto e esperar que o GOVERNO faça sua parte! Ser brasileiro, tornar se um povo brasileiro exige muito mais que isso, exige muito mais que bater panelas em seus apartamentos de “área nobre”; exige muito mais de cada um, como se sente,  como pensa, como gente, como pessoa, como humano, pois quem não pensa, não participa, não se sente responsável, não se responsabiliza; quem não age como cidadão, não merece receber de presente um título tão sagrado como o de CIDADÃO BRASILEIRO!
Quem não se respeita, não pode respeitar o outro! Quem desconhece o significado da palavra RESPEITO, não pode avaliar se é respeitado ou não! Seria realmente uma Pessoa Humana? Assim pergunto, por que o sentimento de RESPEITO é intrínseco à condição de Humanidade, sendo um sentimento natural! Ou estaria eu errando em meu pensamento?
Então, enquanto não nos respeitarmos como pessoas, dignas, nunca poderemos exigir dignidade e respeito! Continuaremos sendo tratados como numeros de CPF, para pagarmos impostos que nunca retornaram como serviços de um Estado Democratico de Direito, pois temos apenas um GOVERNO, que nos GOVERNA a vida em COMUNIDADE, que sonha em chegar à SOCIEDADE, para poder mandar nos outros como fomos mandados, para poder escravizar o outro como fomos escravizados!(?)
Respeito ao Outro? – ainda está muito longe de se poder ver isso nas ruas brasileiras. Isso só existe na letra morta da carta constitucional!
Sinto muito, me dou o direito de falar o que penso, baseando me no principio constitucional da liberdade de expressão!

Francy Wagner, Fortaleza, 30.07.15





*1- MARMELSTEIN, George, Curso de Direitos Fundamentais, 2ª. Ed., Editora Atlas, 2009
*2- SARLET, Ingo Wolfgang, Dignidade da Pessoa Humana e Direitos Fundamentais na Cosntituição Federal de 1988, 2ª. Ed., Livraria do Advogado Editora, 2002

* 3- MARMELSTEIN, George, Curso de Direitos Fundamentais, 2ª. Ed. Editora Atlas, 2009