domingo, 28 de fevereiro de 2016

Filosofando sobre palavras chulas!









Palavras chulas?


Um dia desses, estávamos conversando quando ouvi ela dizer um xingamento. Admirei-me daquela explosão de raiva e de sua reação e a resposta foi: “é a convivencia!”

Sorrimos da situação e comecei a filosofar sobre o assunto.

O que torna certas palavras chulas?

Pelo fato de estar em um pais que poucas pessoas sabem portugues, estou realmente acostumada a dizer muitas destas palavras, desabafando  das situações cotidianas que me estressam, e as digo sem o menor pudor! Sinto-me com uma imensa liberdade vocabular para vociferar qualquer uma dos poucos que conheço e que são mais usados.

Quando morava no Brasil, evitava esse linguajar por inúmeros motivos que atualmente não existem mais.

E como é bom extravasar com um belo palavrão naquele momento exato que o sangue ferve e a única saída para não morrer de um infarto fuminante é soltar toda raiva pela boca, em alto e bom tom! Que alívio!

Vontando à pergunta: o que torna certas palavras chulas?

Vamos lá.

Caralho, segundo o dicionario Aurelio da Lingua Brasileira, que dizer “penis”. Ou seja, parte da genitalia masculina.

Buceta, genitalia feminina.

Filho de rapariga, foi incorporado na época do imperio para os filhos das moças(raparigas) que eram engravidadas pelos portugues, ja casados em seu pais, e que muitas vezes deixavam a moça e o filho na colonia, abandonados. Então passou depois para ser o “filho de mãe solteira” – claramente um menosprezo ao feminino, ou às mulheres, que não se comportavam como ditava as normas do sistema, ou da sociedade, ou da religiao, etc... isso esta na historia brasileira.

Evoluiu depois para “Filho de puta”, pois geralmente para sobreviver, aquelas moças tinham que se prostituir, pois haviam cometido o pecado de se apaixonar pelo “homem casado” e com ele ter mantido relações ao ponto de engravidar. Nenhum outro homem as considerava mais para “casar”, pois estavam desonradas. Na maioria das vezes eram expulsas de casa pelos proprios pais. Geralmente nunca haviam frequentado uma escola, pois seriam do povo e o povo brasileiro não tinha direito a escola,... seria tambem decendente de escravos... pele morena... tambem sem direito a escola... como essa historia é velha!

Então, as crianças que não tinham nome de pai na certidão de nascimento, automaticamente recebiam o “crachá” de “filho de rapariga”, mais tarde evoluindo para simplesmente “filho da puta” ou “filho de puta”.

Nossa!!!! Genial!!!

Li recentemente que uma boa parte da população brasileira não tem nome do pai nos documentos! Então posso dizer, com todo respeito, que tem uma grande parte da população brasileira que é “Filho da Puta”?

Foi por esse motivo que a comprovação ou seleção documental se faz pelo nome da mãe, principalmente no famigerado CPF. Tambem ocorre nos registros policiais, para nomes identicos.

Ia esquecendo o tão comum e vulgar: “Porra”!

Porra é uma clava com saliencia arredondada em um dos extremos. Tambem pode ser chula se usada para significar o “penis”, ou o “esperma”. (dicionario Aurelio)

Chegamos a conclusão que todas essas palavras se tornaram chulas apenas por terem relação direta ou indireta com o sexo!

Não vou me estender nos comentarios que se segiram durante todo a conversa, altamente filosófica, de como certas palavras “perderam” seu valor “aristocrata” para se tornarem “chulas”!

Concluimos apenas que foi o perconceito que usou estas palavras para exprimir toda a raiva, insatisfação, menosprezo, angustia, e ate mesmo angustia!

Inconscientemente tambem relacionamos estes sentimentos com o ato sexual, visto durante os últimos milenios como uma coisa suja e impraticavel se fora do contexto social de familia “sagrada”, ou seja, aqueles que vão até uma autoridade politica e-ou religiosa para receberam o consentimento de praticar o sexo, consequentemente, gerar crianças que tambem serão aceitas socialmente! Todos os outros, não interessando se movidos por um sentimento maior do que toda e qualquer sociedade denominado “amor”, serão um relacionamentos considerados “impuro”, “imundo”, ferirão aos “bons” principios de uma sociedade hipócrita e subjulgada a conceitos infames de dominação.

Agora mais que nunca vou vociferar meus “Caralhos, Porras, Bucetas e Filhos da Puta” com alto e bom som... estou livre de tanta hipocrisia!

Que tais palavras sejam louvadas pelo seu significado original e pelo uso que nos favorece revitalizar a paciencia para continuar convivendo com um bando de FDP!


Viena, 28.02.16
Wagner, F-M




sábado, 27 de fevereiro de 2016

Um Anjo (Fragmentos)




Um Anjo


Estou subindo uma escada de pedra, ladeada por paredes de pedras; uma curva que não tem fim.

Paro para retomar o fôlego.

Vejo, então, uma saída logo a minha frente. Realmente eu estava em uma gruta ou em um tipo de canyon estreito.

Aquela saída para um local mais iluminado está coberta por uma ramagem que pende da grande rocha. Passo por essa ramagem e vejo que do outro lado tudo são flores, de todas as cores, de todos os tipos.

Um perfume suave e envolvente me delicia.

Encantado que estava com aquele lugar, que mais parecia uma grande sala, criada por uma natureza celestial e benevolente, não percebi que havia uma jovem de cabelos ruivos e olhos cor de violeta sentada logo a frente, num banco de pedra sob um lindo e florido caramanchão.

Ela está olhando diretamente para mim com um sorriso nos labios.

Fico ali imovel, sem saber o que fazer, o que dizer. Não vejo nenhuma saida daquele lugar por onde eu poderia passar por ela sem perturbar sua paz iluminada.

Ela é linda!

Fico em dúvida se sua pele é branca ou translúcida ou se brilha emitindo uma clareza respandecente de luz branca. Então ela se levanda e vejo que está descalça.

Seu vestido em um tom rosa esverdeado é de um tecido tão suave que tambem me parece translúcido, transparente... não o é! Ele cai elegantemente ate a altura dos joelhos. Na cabeça avermelhada uma guirlanda de flores e ramos se entrelaça em tranças que prendem seus longos e ondulados cabelos, evitando que os mesmos lhe caiam sobre o rosto de traços finos. Seus olhos são violetas e tem a profundidade do infinito. No pescoço lhe pende um fino cordão prateado e uma esmeralda divinamente lapidada. O colo alvo logo é encoberto pelo vestido cujas mangas mais se assemelham a véus, que são levados pela mais suave brisa, bailando sobre seus braços desnudos.




Ela vem em minha direção. Parece que flutua! O sorriso continua nos seus labios rosados.

Penso que ela é um anjo, uma fada, um ser encantado da floresta que eu pertubei com minha entrada intempestiva.

Ela, porém, abre os braços e me acolhe num abraço quente e afetuoso. Sinto uma fragrancia suave de lavanda a lhe exalar dos cabelos.

Ouço sua voz meiga, enquanto me cumprimenta.

“Seja bem vindo! Que saudade estava de ti! Chegaste no momento exato que me preparava para ir ao teu encontro.”

Tive coragem e perguntei: “Quem é você? Nós nos conhecemos?”

Ela se afastou um pouco não tirando as mãos dos meus ombros, e olhou diretamente nos meus olhos. Sorrindo novamente me abraçou.

Desta vez senti seu coração no meu peito e meu coração entrou automaticamente no mesmo compasso. Fechei os olhos e a emoção tomou conta de mim completamente. Senti-me como num carrocel girando numa velocidade alucinante.

Como um filme retalhado vi flashes de nossa infancia juntos num planeta de céu amarelo ouro e sol branco com duas luas. Vi nossa viagem quando jovens para uma missão, uma aventura. Vi nossa chegada no novo lar, um planeta pequeno e azul onde iriamos trabalhar. Vi nossas vidas, nossa união, nossa inquietação, nossa queda e nossa separação, suas causas e consequencias e todo sofrimento que isso me causou.

Finalmente tomei consciencia que era dela que sentia saudade. Era exatamente ela que eu procurava. Ela era a pessoa sem rosto que via nos meus sonhos. Sua voz, a mesma que ouvia nos momentos mais tenebrosos de minha vida, pedindo para me acalmar e me dando a certeza que tudo ficaria bem novamente, incentivando a minha paciencia e coragem. Fora sua luz que me salvou em cima do viaduto naquela noite que pedi para não matar um homem. Foi aquele ser que me fez acordar a noite para livrar meus filhos de um piolho de cobra sobre a cama, quando morava no interior; foi sua sombra que vi na varanda de casa quando chorava desesperadamente; foi sua voz me chamando que ouvi todas as vezes que estava em perigo!

As lágrimas banhavam meu rosto e eu soluçava como uma criança no colo da mãe.

Era uma historia de quatro mil anos, passada assim em minutos pela minha tela mental. Momentos de paz, de felicidade, de sorrisos e de magoas, de rancores, de medo; ora culpa, ora saudade, noutros felicidade! Uma sequencia lógica!

“É você!”

Então eu a abracei com força de uma saudade doída e o amor inundou minha alma naquele momento.

Consegui apenas dizer: “Me perdoa!”

Ela me interrompeu com um beijo. Secou meu rosto das lágrimas e suavemente me disse: “Não sou eu quem deve perdoar. Não é a mim que você deve pedir perdão.”

Não entendi e, como se ela lesse meus pensamentos, continuou: “ O amor verdadeiro não se magoa.”

Eu queria ficar ali, naquele abraço, quando ouvi palmas surgindo do nosso lado esquerdo, parecendo saindo de outra caverna escondida sob aquela cortina de ramagem florida.

O telefone tocou!

FMWagner
Viena, 24.02.2016



sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Fragmentos




Fragmentos


Algumas publicações novas, a partir do texto „Espirito de Busca“, fazem parte de um texto maior, construido durante quatro anos de experiencias fantásticas!

Existe uma sequencia lógica para estas publicações, contudo elas são inteiras por si mesmas, apresentando sempre uma experiencia diferente, um ponto de vista, um pedaço do caminho ja trilhado. São como fotos que se tiram de paisagens que nos encantam e que gostariamos de manter aquele momento para sempre em nossa memoria.

Assim, são fragmentos do meu caminho que agora estou compartilhando no blog, para meus queridos leitores. Não importa se começaram agora ou se ja estão acostumados a ler meus textos.

A partir de agora, todos os textos que fizerem parte desta linda historia estaram marcados com a palavra “Fragmentos”, identificando assim sua cronologia.

Sou muito grata a todos que chegaram ate aqui comigo, visitando um pouco da minha alma a cada publicação.

Que a paz esteja sempre no coração e a luz no nosso caminho.



Viena, 26.02.16

Wagner, FM

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

O Pensamento, a Palavra e a Ação




O pensamento, a palavra e a ação




Tudo se gera na esfera do pensamento. Quando se pensa começa-se a construir no imaginario a imagem daquele pensamento. E se pensa o que tem vontade de pensar. Somos senhores de nossa Vontade.

A partir desta imagem criada no espaço/pensamento, vem a verbalização daquele pensamento: a Palavra.

A palavra contem em si uma energia criadora primordial: “No principio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus” (Jo, 1.1). Durante a verbalização, esta energia criadora vai dando mais consistencia ao pensamento original e, de modo automático, aquela forma vai se condensando para a materialização.

Usada a vontade pela Criatura, esta começa a se tornar criador, pois tudo se gera no pensamento, cria-se na palavra e depois se materializa na ação.

A ação muitas vezes foge ao controle de quem criou a imagem pela sua vontade/pensamento e expos pelo Verbo, pela palavra, pela linguagem. E simplesmente acontece aquilo que se verbalizou.

Somos responsaveis pelo que geramos, criamos e materializamos!

Dito isso, quero expor por que temos a responsabilidade pelo que pensamos, pelo que falamos... vai se concretizar, impreterivelmente.

Resolvi escrever sobre isso, visto ver tantas reclamações, tantas palavras escritas que geram energias contrarias, tambem chamadas de negativas, ou de sombras.

Cada vez que pensamos baseados na crítica, cada vez que expomos nosso pensamento como reclamações ou criticas destrutivas, geramos energia e condensamos a ideia-pensamento para se materializar nesta realidade, a materia.

Não importa se não praticamos, se não agimos; outro agirá pois estamos todos interligados como uma grande rede de computadores sendo a internet, a grosso modo, comparado com o universo. Pela nossa Vontade/Pensamento nos ligamos ao nossos semelhantes e dai a concretição daquilo que talvez menos queremos ver na materia: o alvo de nossas reclamações.

Se nos mantivermos sempre buscando manter o pensamento dentro do belo, do positivo, daquilo que amamos, por nossa propria vontade, vamos começar a construir exatamente aquilo que pensamos, o que seria uma energia positiva ou da luz. Vamos nos conectar com seres que tem o mesmo pensamento e a partir dai, vira a materialização.

Se cada pensamento gera uma imagem e cada palavra condensa esta imagem, somos criadores de nossa atmosfera energética. Simples assim: podemos iluminar ou escurecer nosso mundo.

Se um grupo apenas reclama, apenas critica, apenas ve o que é ruim e negativo, vai sempre construir as sombras.

O contrario acontece com o grupo de pensa no belo, que fala sobre boas coisas, que agradece o poder que tem a si mesmo e aos outros, que luta para materializar soluções, vencer obstaculos respeitando a individualidade da outra forma de vida, então, gerar-se-á a luz, a claridade e, consequentemente, o belo, a paz e a prosperidade.

Somos senhores de nossa Vontade.

Somos responsaveis pelos nossos Pensamentos e Palavras.

Somos responsabilizados pela materialização daquilo que geramos.

Permaneçam com a Paz no coração e que a Luz ilumine o caminho de todos aqueles que direta ou indiretamente participaram e participam para que eu esteja aqui e agora.




Wagner, FM
Viena, 26.02.16







A Porta



A Porta


Vejo uma porta. Uma grande porta no alto da escada.

Subo os sete degraus e tenho medo.

Na porta há um espelho um pouco maior que eu. Vejo refletida minha imagem. Este reflexo, contudo, não condiz com minha atitude. Sou eu e não sou eu. Ou eu acho que não sou eu?

Vejo alguem triste, com medo, subjulgado sob a pressão de milhões de olhos e milhares de bocas que falam ao mesmo tempo.

A imagem olha diretamente para mim e me pede por socorro. Somente eu posso lhe livrar daquele tormento.

Eu tambem sinto medo. Então todos os olhos se viram para mim. Milhões de dedos apontam em minha direção e milhares de bocas gritam ao mesmo tempo: “Eis o único culpado do teu sofrimento! Covarde! Assassino! Ladrão! Mentiroso!...”

As acusações continuam.

Coloco as mãos nos ouvidos para evitar a pertubação. É inutil! Continuo ouvindo milhares de vozes. Fecho os olhos e não tem jeito: continuo vendo e sentindo milhões de olhos e dedos acusadores.

Sinto que aos poucos vou sendo puxado para dentro do espelho. Luto!

Abro os olhos e estou me tornando aquele reflexo. Não quero isso! Grito dentro de mim. Não posso sair do lugar: meus pés estão criando raízes igual a imagem do espelho.

Vejo então a fechadura. A chave está ali.

So tem um jeito de não me tornar a imagem refletida no espelho: abrir a porta e entrar.

Não faço a menor ideia do que tem do outro lado. E o processo de petrificação continua, enquanto meu medo dele aumenta. O medo me paraliza!

Não! Grito dentro de mim, pois minha voz não se faz ouvir. Não sou aquela imagem do espelho. Não quero ser aquele ser enraizado num pantano e atormentado por milhões de olhos, bocas e acusado por milhares de dedos a lhe apontar as culpas. Isso eu tenho certeza!

Respiro fundo e penso na minha fé. Vejo que não sou covarde. Ou sou? Quero fugir dali e só ha uma saída: a porta!

Quantas vezes eu ja fugi? Quantas vezes voltei à mesma porta? Todas as vezes.

Num ato desesperado de sobrevivencia viro a chave, rodo a maçaneta, abro a porta e entro para um local totalmente desconhecido.

A porta se fecha imediatamente atras de mim.

Estou ofegante, ainda com medo que me parece ser maior ainda. Não sei onde estou. Estou sozinho! Estou com frio! Estou com medo!

Estou numa caverna... tem luz que não sei de onde vem, muito fraca que mal da para vislumbrar o ambiente sombrio. Parece uma caverna, mas não é! Olho para cima e vejo um céu de nuvens escuras, uma densa neblina e procuro novamente a porta atras de mim, pois ainda estou com medo. La fora tem os olhos, as bocas e os dedos... mas eles acusam a imagem no espelho e não a mim... eu sou apenas alguem parecido com aquele ser prisioneiro de seus tormentos. Não sou eu.

Não existe mais a porta. Não existe mais espelho. Não existe nada. Apenas uma parede de pedra que se ergue atras de mim e vai até onde posso ver, escondendo-se nas nuvens negras. Penso em escalar, porem é totalmente lisa, cheia de musco, lodo, de onde sai umidade.

So aquela semi escuridão.

Vejo que existe uma trilha, um caminho, bem a minha frente, cheia de folhas mortas e úmidas. Está escuro.

Procuro nas laterais alguma outra saída. Apenas pedras gigantescas se ergem ao meu redor e parece que vão me esmagar se eu permanecer ali.

Decido enfrentar a trilha. Sinto que existe um reflexo de luz a indicar o caminho sinuoso.

Dou os primeiros passos inseguros. Minha visão vai se acostumando a pouca iluminação do local e percebo que existe tipo uma escada esculpida na rocha mas logo em seguida começa uma curva.

A curiosidade supera minha imobilidade. Quero ver onde me levará aquele caminho. Eu não sei. Não posso mais ficar ali!

Decido buscar uma saída.

Vou subindo devagar e a curva se prolonga. Vou subindo e mais curva que não me deixa mais que dois metros de visão adiante. Então me impaciento e tento subir mais rápido... mais curva...nenhuma saida... nada mais que curvas.

Canso.

Paro para respirar. Estou ofegante.

O despertador toca!



Viena, 25.02.16
FMWagner




quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Querer




Querer


Queria uma palavra

Para descrever teu olhar.

Queria uma palavra

Suficiente para te amar.

Queria um minuto

Apenas para junto ao meu corpo te sentir.

Queria um raio de luz

Para minha tristeza iluminar.

Longe de ti apenas quero.

Longe de ti apenas sinto.

Longe de ti apenas respiro.

Longe de ti...

Longe...

De mim.




Viena, 24.02.16


FMWagner

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Incansavel espirito de busca









O exercicio do Espelho



Publiquei aqui um texto sobre o espirito de busca que empreendi para sair do atoleiro emocional que me encontrava.

Continuo achando que não estou indicando o caminho para ninguem, apenas contando como foram meus passos.

Recebi orientação, atraves dos diarios que escrevia. E escrevia muito, todos os dias quando não estava chorando. Ou começava escrever e colocava para fora toda raiva, toda angustia que estava sentido. Escrevia sobre mim, sobre meus sentimentos naquele momento, sobre meu sofrimento interno, invisível aos olhos medicos, pois a dor da alma é a mais profunda e de dificil diagnostico e tratamento que conheço.

Depois de dois anos precisei mudar de moradia, então resolvi em uma tarde tranquila ver o que eu jogaria fora. Dei de cara com meus diarios. Cadernos e mais cadernos tão escondidos de todos que nem eu mesmo sabia onde estavam.

Sentei-me e começei a ler. Deu-me curiosidade de saber se alguma coisa tinha mudado na minha vida, na minha dor, que eu havia escondido dentro do coração, sobrepondo caixas e mais caixas de esperança, desespero, estresse e uma lingua estrangeira.

Notei que em algumas paginas as letras eram diferentes. Notei que não usava o “eu”, mas o “voce”. Passei a me interessar por aqueles trechos e descobri que eram textos de aconselhamento, de indicação de auto-perdão, de evitar o auto-julgamento. Eram textos lindos que eu nem percebera na ocasião.

Aquilo me intrigou.

Em um texto havia um exercicio para que eu melhorasse meu auto-conhecimento. O exercicio do espelho.

Lembrei que eu detestava me olhar no espelho. Nunca gostei de ver minha propria imagem refletida assim na minha frente. Achava que era horrivel.

Então decidi não fazer o tal exercicio por esse motivo.

Um dia, estando eu sentado a noite dentro de um bonde, vi diretamente na minha frente minha imagem refletida. Olhei para meu rosto. Tomei um susto!

Então ouvi um sussurro no meu ouvido, respondendo a pergunta que havia feito momentos antes, quando observei que todos os outros lugares do bonde estavam ocupados e haviam algumas pessoas em pe, mas ninguem quisera se sentar ao meu lado. Eu havia me perguntado: “Será que sou tão ruim assim que ninguem quer chegar perto de mim?”

“Voce se sentaria ao lado de alguem que estivesse com essa cara? Parece que matou alguem ou esta com vontade de fazer. Relaxe um pouco a musculatura do rosto!”

Fiquei com vergonha de mim naquele momento. Eu não sentia raiva de ninguem, alem de mim!

Cheguei em casa e começei a fazer o exercicio do espelho.

Fiquei diante do espelho e me disse na cara tudo que eu queria dizer naquele momento e que nunca havia dito antes. Olhei para dentro dos meus olhos e busquei entender o que estava acontecendo comigo. Porque eu agia daquele jeito. Por que eu me ignorava e era tao cruel. Por que eu não me amava.

No começo foi dificil... eu quase não dizia nada.

Corria e ia escrever o que estava pensando.

Depois foi ficando mais facil, pois eu passei a falar com alguem mais conhecido. Depois foi ficando super facil brigar comigo. Depois foi a hora da critica, do julgamento, do reconhecimento, ... hoje damos risadas! Gosto de ver minha imagem refletida pois reconheço a imagem da pessoa mais confiavel que conheço para contar meus segredos e me aconselhar: Eu!

Foram pequenos momentos, pequenos passos, dia a dia.

Desisti algumas vezes. Recomeçei outras tantas.

Tive outros exercicios, mas esse foi o primeiro.

Eu queria compartilhar isso com você. Talvez possa servir como experiencia para alguns que temem se encarar de frente como eu me temia!

Paz no coração e Luz no caminho de quem chegou ate aqui.


Viena, 22.02.16


FMWagner

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

O que eu não gostava no Brasil - 1.parte



O QUE EU NÃO GOSTAVA NO BRASIL – I


Hoje é 22 de fevereiro de 2016, e eu estou aqui lembrando de um Brasil que deixei há exatamente oito anos atras.

Talvez ate mesmo para amenizar a saudade que sinto de minha terra natal, quero falar sobre o que me incomodava; pois se eu for discorrer sobre o que eu gostava, vai doer tanto que vou acabar chorando de novo.

A primeira coisa que me vem a cabeça, e que me incomodava demais, nunca achei justo: o jeitinho brasileiro.

Não é bem aquele jeitinho de que tudo tem um jeito, de um povo criativo, de muita coragem e esperança, cheio de crença em algo superior... é aquele outro... o outro... aquele que pensa de pode tudo. Porque do primeiro, sempre tive muito orgulho dele fazer parte do carater no meu povo.

O que me dava raiva e ate despreso, ainda da, é o jeitinho brasileiro de fazer tudo para alguns, amigos e conhecidos, passando ate mesmo por cima das normas. Sempre me incomodou, por que era sempre usado o QI e o QE, ou seja, QUEM INDICA E QUEM EMPURRA!

É legal quando se esta precisando de uma ajuda. O brasileiro ajuda, não interessa a lei para ele, isso a grande maioria, se for um amigo, se foi indicado por um amigo, se tiver um conhecido do pai, da familia, ou ate mesmo se for aquele vizinho legal que sempre te convida para o aniversario do filho dele. Então vai receber ajuda, passando na frente daquele outro ilustre desconhecido, que deve ter perdido muito tempo esperando ate a porta do orgão abrir, esta em pe esperando ser atendido, e não tem nenhum “amigo” por ali.

O brasileiro é um povo de comunidade mesmo, o brasileiro adora fazer favor pros outros, principalmente para aqueles que o poderam retribuir esse favor em algum momento de futura necessidade.

Não sei se isso é certo ou errado!

Eu sei que para quem é beneficiado é bom demais, contudo para aquele outro que foi preterido... isso é muito ruim.

Não quero julgar o certo ou errado, apenas relatando o que me incomodava, isso há ate oito anos atras, pois nem sei se as coisas continuam do mesmo jeito por la.

Outra coisa que me incomodava, que eu não gostava mesmo, que me deixava com muita raiva, era o jeitinho brasileiro de trabalhar.

Por exemplo: dez pessoas estão no mesmo trabalho, no mesmo escritorio, e enquanto um trabalha os outros nove fingem que trabalham, ou simplesmente não o fazem. E aquele que trabalha ainda é denominado pelos outros nove de besta, puxa-saco, coxinha, etc... Recebe dos colegas muitos conselhos como: “Larga de ser besta, baba ovo do patrão (chefe), para que tu esta fazendo assim. Ta so enriquecendo o patrão... etc...” isso acontece principalmente no serviço publico onde o servidor tem certeza absoluta que não sera colocado para fora do trabalho: aquela garantia e estabilidade adquirida que tambem passei a discordar quando vi como era encarada pela grande maioria.

Ouvi muitas vezes: “Eu não vou fazer isso( qualquer coisa que necessitasse um pouco mais de esforço do que tomar cafe, fumar, ou falar mal da vida alheia) por que não vou ganhar mais por isso. Eu não ganho por produção.”

Outras vezes: “Eu não sou escravo!”

Ou ainda: “Transfere para o Fulano, ele gosta de agradar o patrão.”

Pocha vida, ja se ganha o salario para isso, não é verdade?

Outro problema chama-se: chefias. Aqueles cargos com uma comissão que aumenta um pouco o salario, mas aumenta e muito o “status”, o que eu chamo de Ego.

Não vão pensando que é a capacidade de trabalho do candidato que vale. Aqui o peso pesado para a indicação é QI e QE; o QI normalmente é um politico, e o QE o nome da familia, normalmente tradicional e com força politica, que conta.

Eu não sei se ja ultrapassamos a epoca da colonia, do imperio... quando eu sai de la, ainda se pensava do mesmo jeito... e o coronelismo no nordeste ainda era uma das forma mais famigeradas de poder... de detenção do poder. A geração muda, o sobrenome nunca.

A corte tradicional mantem a ferro e fogo, com unhas e dentes, as prefeituras municipais, os cargos de chefias de hospitais, cartorios e isso sem entrar no merido dos sobrenomes dos juizes e promotores... quase todos oriundos de familias conhecidamente “juridicas”. E tambem com alguma vinculação com aquelas familias “tradidiconais”. Não existe lugar mais “tradicional” que o judiciario. Nem vou falar em governadores ... etc...

O unico “da Silva” que vi chegar ao cargo maior do Poder Executivo do pais, hoje é esculachado por uma maioria hipocrita que nunca pegou um livro de historia para ler... tambem nem deve precisar disso, pois devem ser possuidores do QI e do QE, ou totalmente desprovidos dos verdadeiros indices de QUOEFICIENTE DE INTELIGENCIA ou EMOCIONAL. Antigamente descrito pela psiquiatria como idiotas ou imbecis.

São tantos itens, que vou deixar para falar de outros depois, nas postagens seguintes.

Lembrando que ninguem me disse o que escrevi. Eu vivenciei, eu vi, eu observei, durante os quarenta e oito anos que vivi na minha patria amada Brasil.

E chamo Brasil, deixando de especificar o local ou locais exatos que vivi, por que a saudade é maior que o territorio do meu pais. Em contrapartida, as decepções são quase do tamanho desse.

Ficando por aqui.

Espero que as coisas tenham mudado... para melhor!

Paz no coração e Luz no caminho de todos voces que chegaram ate aqui na leitura.


Viena, 22.02.16
FWagner