ESSA TAL FELICIDADE!
Hoje aproveitei para observar os rosto das pessoas que
cruzavam comigo ou que utilizavam o mesmo transporte público. Quem eu
procurava? Um rosto feliz! Depois, um rosto alegre! Depois, um rosto saudável!
O que observei passivamente?
Apesar de estar tranqüilo eu vi rostos fechados,
preocupados, raivosos, tristes, apressados... mas não encontrei os que
procurava. Sorri para alguns que nem perceberam. Outros estavam absortos em seu
mundo de fantasia (virtual) mantendo-se fechados para os próximos que lhe
circundavam o ambiente, vivendo em verdadeiras bolhas de ilusão ou isolamento
com os velhos e conhecidos amigos, sem se abrirem para o novo.
Tudo bem, pensei. A escolha de cada um. Assim são
felizes.
Vi sorriso no rostinho de crianças que mães
preocupadas e apressadas levavam para a escola ou creche! Elas ainda demonstram
a felicidade da infancia e a inocencia.
Então perguntei: Querida, onde estão os felizes?
Ela me respondeu: “Você acha mesmo que há muitos
felizes neste mundo? Se a maioria fosse feliz não existiriam religiões, autores
de livros de auto-ajuda não enriqueceriam, psicólogos e psiquiatras teriam que
mudar de profissão, e assim por diante. A felicidade não precisa de ajuda, não
traz solidão, não deixa o coração vazio; a felicidade é o balsamo da alma saudável.
“O mundo, a sociedade é incapaz de produzir
felicidade. Todos estão tentando. Poucos encontraram a fórmula ideal, e ainda
assim, existem momentos difíceis. Lembra da letra daquela música que gosto
tanto... “viver é simplismente compreender a marcha e seguir em frente”... cada
um no seu ritmo em busca da satisfação, do prazer, interior e/ou exterior. Porem
vivemos todos juntos e misturados e não nos compreendemos e nem a nós mesmos.”
Ela parou. Havia chegado o momento de seguirmos rumos
diferentes.
Um sorriso, uma piscada de olho: nosso jeito de dizer
até mais tarde e eu te amo.
Continuei refletindo em suas palavras. Realmente ela
tinha razão, como sempre, aliás.
Então qual foi a fórmula da nossa felicidade?
Compreendemos nossa marcha e estamos caminhando como
todos neste mundo para a convivência pacífica. Conseguimos nos entender em
plenitude. Deixamos de lado muitas coisas para vivermos juntos e não cobramos
do outro essa “dívida” por que somos conscientes que o fizemos por que queríamos.
Sabemos que tudo passa e aproveitamos os pequenos momentos juntos para sorrir e
viver o agora sem trazer para nossa cama ou para nosso relacionamento as dores
e mágoas do passado. Viramos as páginas diariamente, deixando registrados
momentos de ternura, compreensão e companheirismo. Não nos cobramos “fidelidade”
e com isso não sentimos ciúme um do outro nem, tão pouco, a “obrigação” de
estar juntos. Entendemos a nossa humanidade e nossa imperfeição, sendo
realistas quanto ao outro, construindo um relacionamento sem fantasias. Eu não
espero nada dela e ela nada de mim. A cada dia nos conhecemos e a química
continua dando certo e vamos nos envolvendo com o todo.
Sei la! São tantas coisas pequeninas do dia-a-dia e
acho que a fórmula não existe. Não há caminho certo ou errado. Não existe
modelo ou perfeição.
A vida é como andar num fio esticado entre os picos de
duas montanhas, com um abismo profundo sob nossos pes. Requer equilíbrio e
concentração para cada passo.
Continuei meu caminho e parei de pensar sobre o
assunto.
Voltei a viver o presente!
F. Wagner
Viena, 28.11.16
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